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Morre vítima de mutirão de catarata

Pelegrino Focher Riatto sofreu parada cardíaca no sábado à noite no Hospital das Clínicas, na Capital; família culpa a cirurgia malsucedida

Por Renato Fontes
Especial para o Diário
22/02/2016 | 07:00
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Orlando Filho/DGABC


O aposentado Pelegrino Focher Riatto, um dos 21 pacientes que tiveram infecção ocular após mutirão de cirurgias de catarata da Prefeitura de São Bernardo, morreu por volta das 20h de sábado, após parada cardíaca no Hospital das Clínicas, na Capital. Ele é a primeira vítima fatal após o procedimento malsucedido, realizado no dia 30 de janeiro no Hospital de Clínicas de São Bernardo.

Pelegrino estava na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), recuperando-se de um AVC (Acidente Vascular Cerebral), e se preparava para amputar parte da perna esquerda após trombose (coagulação do sangue no interior das veias).

A filha do aposentado, Sabrina Riatto, acredita que a morte do idoso, de 77 anos, e não 74, como outros parentes haviam informado ao Diário, está diretamente relacionada ao problema na cirurgia, realizada pelo Instituto de Oftalmologia da Baixada Santista, empresa terceirizada para prestar serviços à Prefeitura na área. “Meu pai entrou para realizar uma simples cirurgia de catarata e morreu. A família está abalada”, conta ela, emocionada. O laudo do IML (Instituto Médico-Legal) apontará as causas do óbito, mas não há prazo.

Sabrina, que há duas semanas veio de João Pessoa, na Paraíba, para acompanhar a situação do pai e cuidar da mãe de 68 anos, conta que Pelegrino estava com boa saúde, apesar de ter sofrido trombose em 2014. Por conta do problema, o idoso tomava anticoagulante visando prevenir a formação ou extensão de trombos. “Estava tudo sobre controle. Ele suspendeu o medicamento para realizar a cirurgia e, em três dias, voltaria a tomá-lo, mas com a infecção, não voltou. Talvez, por conta dessa paralisação, seu estado de saúde piorou”, revela.

Conforme o Diário noticiou no sábado, o aposentado já havia autorizado a amputação da perna, mas a cirurgia não tinha data. Segundo a filha, os médicos alertaram sobre os riscos. “Era um procedimento de alta complexidade por conta da idade e por estar bem debilitado. Provavelmente ele não sobreviveria.”

O velório do idoso está marcado para às 9h de hoje, no Cemitério Jardim da Colina, em São Bernardo. O corpo será cremado às 16h.

HISTÓRICO

Ao todo, 27 pacientes se submeteram às cirurgias de catarata no Hospital de Clínicas, sendo que 21 deles foram infectados pela bactéria Pseudomonas aeruginosa. Até o momento, ao menos 18 pessoas ficaram cegas e dez removeram o globo ocular.

O caso é alvo de investigação por parte do Ministério Público. O promotor de Justiça Marcelo Sciorilli analisa desde terça-feira as respostas apresentadas pessoalmente pela secretária de Saúde da cidade, Odete Gialdim, a respeito dos questionamentos feitos ao Executivo sobre os problemas ocorridos no mutirão.

Hoje, as famílias participam de encontro agendado com a chefe da Pasta para obter esclarecimentos sobre a contaminação dos pacientes. Segundo o cunhado de Pelegrino, o empresário aposentado José Carlos Batani, a família não comparecerá à reunião. 




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