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O nome é guerra civil

A onda de assassínios nas ruas paulistas ou catarinenses pode se manter, aumentar, diminuir ou cessar. Isso não

Carlos Brickmann
21/11/2012 | 00:00
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A onda de assassínios nas ruas paulistas ou catarinenses pode se manter, aumentar, diminuir ou cessar. Isso não muda seu caráter: o que quer que aconteça não terá dependido da autoridade do Estado, mas da vontade, ou do poder de fogo, dos criminosos. É deles, portanto, e não do Estado, que depende a nossa vida.

Lembra-se do juiz Odilon de Oliveira, do Mato Grosso do Sul, que por sua ação contra os narcotraficantes e o crime organizado, feita rigorosamente dentro da lei, está condenado à morte pelos bandidos? Desde 2004 vive sob proteção policial, 24horas por dia. Não pode ter vida normal: sua rotina é trabalhar, estudar, analisar informações sobre o crime organizado. Bom: o juiz Odilon de Oliveira, já em 2006, comprovou que os ataques de bandidos em São Paulo, pouco antes das eleições para o governo, eram ordenados pelo PCC. Hoje garante, com base no que apurou, que o PCC se aliou às Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e ao EPP (Exército do Povo Paraguaio), grupos que começaram pela luta armada contra o governo e derivaram para o tráfico de drogas.

Parece claro que o objetivo do PCC é criar áreas onde o Estado não entre - no dialeto das Farc, "áreas liberadas". Algumas já se esboçam - favelas onde a polícia, para entrar, tem de romper linhas de defesa. A frase do governador Geraldo Alckmin (PSDB), de que São Paulo é diferente do Rio porque em São Paulo a polícia entra em todos os lugares, não passa disso: uma frase. O governo federal trata as Farc com alta gentileza. E ignora a força do EPP. 

TUCANO BICA

A cena horrorosa aconteceu em Curitiba. Uma jovem, que participava de ato pela paz, foi agredida por policiais militares ao fotografar violências cometidas pela tropa de elite da PM. Os agressores tentaram tomar a câmera da moça e a agrediram pelas costas. Covardia múltipla: bateram num civil pacífico, e numa mulher, pessoa muito menor que qualquer um deles. O governador tucano Beto Richa até agora não se manifestou. E está tudo gravado: veja em http://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/2012/11/20/video-em-curitiba-policiais-agridem-estudante/, no bom Blog do Josias de Souza.

ELE CONHECE

O prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), está dando aulas de eficiência. Seu secretário de Saúde, José de Fillipi Júnior (PT), já está condenado em segunda instância a devolver R$ 2,1 milhões aos cofres públicos, por ter, como prefeito de Diadema, contratado sem licitação o escritório do advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, do PT. Recorreu ao Supremo.

Haddad escolheu Cleuza Repulho para a Secretaria da Educação. Cleuza já foi consultora da Unesco e secretária da Educação de Santo André e São Bernardo, sempre em administrações do PT. Foi denunciada pelo Ministério Público à Justiça como uma das responsáveis por desvio de R$ 48,8 milhões, em Santo André; e está na lista de inadimplentes da Prefeitura, por não ter devolvido, conforme determinou o Tribunal de Contas do Estado, R$ 125 mil que gastou em viagens. Em São Bernardo, o Ministério Público abriu inquérito para apurar favorecimento na assinatura de um convênio de R$ 3,2 milhões.

Haddad não é eficiente? Poupa trabalho e é transparente, escolhendo secretários que não dão margem a desconfianças. Já assumem na mira da Justiça.

COISA ESTRANHA

A CPI do Cachoeira se encerra melancolicamente, sem investigar um tema dos mais interessantes: a possível participação da Delta, empreiteira de Fernando Cavendish, nos negócios de Cachoeira. Entende-se: o objetivo declarado da CPI era pegar um tucano, o governador de Goiás, Marconi Perillo. No caminho, esbarrou em Cavendish. Que dilema! A solução foi matar a CPI e contentar-se com Cachoeira.




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