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Ela venceu a leucemia e conheceu seu doador
Marcela Munhoz
Do Diário do Grande ABC
23/11/2011 | 07:00
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Fernando Nonato/DGABC


Há sete anos, a vida da estudante Mirna Ayumi Kajiyama, 20 anos, de Santo André, virou de ponta-cabeça. Pescoço inchado e manchas vermelhas no corpo denunciaram que a menina, então com 13 anos, tinha algo bem mais grave do que a simples virose inicialmente diagnosticada pelos médicos. Assim como o estudante de Ribeirão Pires Lucas Guizzardi, 10, que fez há uma semana transplante de medula óssea, Mirna passaria pelo mesmo procedimento com sucesso. E se tornaria grande amiga de seu doador (leia mais abaixo).

Na época do diagnóstico, a palavra leucemia, acompanhada por cariótipo complexo, bastou para interná-la imediatamente no Hospital AC Camargo, na Capital. "Não sabia direito o que estava acontecendo. Morei seis meses no hospital e perdi o ano na escola. Só queria melhorar logo."

A família da garota também ficou muito assustada. "Meu chão se abriu. A gente nunca espera passar por isso. É mistura de angústia e desespero, mas a vontade de viver da minha filha deu forças para a gente", lembrou Márcia Kajiayama, 45, que ficou ainda mais assustada quando soube que a única chance de cura seria o transplante. "Ninguém da família foi compatível, mas nunca perdemos a esperança. Sabíamos que iríamos encontrar alguém perfeito."

Perto do aniversário de 15 anos da garota foram localizados dois doadores, um no Japão e outro nos Estados Unidos. Mirna foi transferida para o hospital de Curitiba e faria o transplante no dia do aniversário, quando recebeu a notícia de um doador compatível no Estado do Paraná. "O procedimento com alguém do próprio País é mais simples. Aguardei uma semana e fiz o transplante. Foi o melhor presente que ganhei na vida."

"O transplante foi um sopro de esperança, um alívio", disse a mãe. Até a ‘pega' da medula (quando passa a produzir células sanguíneas em quantidade suficiente), Mirna ficou sob cuidados especiais. A estudante foi ao hospital todos os dias até se recuperar totalmente, após um ano e meio.

Hoje Mirna faz exames periódicos de quatro em quatro meses. Nada que atrapalhe a rotina do curso de Rádio e TV na cidade de Bauru, onde está morando, e as atividades comuns a uma jovem da sua idade. "Sei que posso realizar meus sonhos e sou exemplo de que há como se curar do câncer. Por isso, peço que o Lucas tenha paciência e nunca desista. Tudo vai acabar bem."

Vida de doador se transforma após transplante

Assim como a vida de Mirna mudou de uma hora para a outra com o diagnóstico da leucemia, a do advogado Fabiano Nakamoto, 26, de Londrina, no Paraná, também deu uma reviravolta no momento em que foi chamado para doar a medula.

Quando estava na faculdade, Nakamoto fez o cadastro no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea sem entender do que se tratava. Dois anos depois, recebeu ligação do Redome sobre a possibilidade de compatibilidade com Mirna, que precisava de nova medula. "Não tinha noção do que realmente significava. Minha família ficou com medo do procedimento, mas fui em frente e fiz tudo o que era possível para ajudar."
Fabiano passou um dia no hospital para recolher a medula e já estava liberado para trabalhar no dia seguinte. "É mais simples do que as pessoas imaginam. Não tive nenhuma reação."

Meses depois do transplante, Fabiano descobriu que Mirna havia recebido sua medula e fez contato com ela. "Nos tornamos grandes amigos. As famílias se conheceram e ela veio ao meu casamento. Acredito que o destino uniu nossas vidas", enfatizou o advogado, que sempre que pode levanta a bandeira da doação de sangue e medula. "Incentivo e participo de campanhas. Um gesto pode salvar vidas."

Mirna que o diga. "As pessoas nem imaginam o quanto isso é importante. Se não fosse por ele, não estaria aqui dando essa entrevista."

Lucas passa bem e aguarda momento da ‘pega' da medula

A rotina do estudante de Ribeirão Pires Lucas Guizzardi, 10 anos, tem sido tranquila durante a primeira semana após a realização do transplante de medula óssea. Ele segue internado no Hospital São Camilo, na Capital.

Segundo a mãe do menino, a técnica em gesso hospitalar Rosimar Guizzardi, 37, Lucas passa bem e não teve reação. "Os médicos estão impressionados. Agora é continuar em oração diária para que a medula pegue logo."

Enquanto espera pelo momento em que produzirá células sanguíneas suficientes, Lucas precisa tomar vários cuidados para não pegar infecções, já que seu sistema imunológico está comprometido. Ele passa o dia na companhia da televisão, do notebook que ganhou da família do goleiro Aranha, do Santos, e de revistas do time.

E como faz questão de mostrar seu amor pelo Peixe, Lucas mudou a foto de seu perfil no Facebook. Na nova imagem, aparece com o boné do time. E com sorriso de ninja no rosto. (Camila Galvez)




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