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Brandão declara que continua na política
Roney Domingos
Do Diário do Grande ABC
01/11/2004 | 09:30
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O ex-prefeito Newton Brandão (PSDB) disse domingo pela manhã que seu primeiro gesto como prefeito eleito seria reunir todas as informações financeiras disponíveis sobre a Prefeitura de Santo André para saber como está o caixa da cidade. Ele levantou cedo, colocou uma camisa branca com risca de giz, vestiu calça preta presa por um cinto surrado e calçou sapatos pretos bem lustrados. Colocou sobre a mesa uma caixa de comprimidos Amaryl (medicamento para controle de glicose do sangue). Conversou com jornalistas enquanto tomava seguidas xícaras de café. Comeu dois pãezinhos e rezou o salmo 31 em companhia de sua mulher, Maria Brandão, e dos correligionários. Saiu para acompanhar o candidato a vice-prefeito Duílio Pisaneschi, que votou no colégio Júlio de Mesquita, às 11h.

Prefeito três vezes, deputado estadual por dois mandatos, Brandão afirmou que, independentemente do resultado das eleições deste ano, não vai abandonar a vida política, apesar dos 75 anos de idade. “Para tristeza do PT, os anos não pesam sobre mim”, disse em entrevista concedida à tarde, depois de votar no colégio Américo Brasiliense.

Calmo e bem-humorado, Brandão cumprimentou eleitores em cada uma das escolas que visitou pela manhã. O candidato parou para dar entrevistas e conversar com eleitores dentro do colégio em que Duílio votou. O episódio gerou o primeiro contratempo do dia. A fiscal do PT Adna Wenzel protestou contra a presença do grupo próximo à seção eleitoral. Ela e o assessor de Brandão, Marco Rogério, discutiram rispidamente e deram início a um empurra-empurra. Foram contidos pelos correligionários. Depois, ameaçaram registrar queixa na delegacia um contra o outro.

A responsável pela 156ª Zona Eleitoral, Lucia Teresa Felizato pediu para que todos – tucanos e petistas – se retirassem. Brandão e Duílio visitaram o Colégio Professor José Antunes (262ª Zona Eleitoral), no bairro Casa Branca. Os presidentes da segunda e da quarta seções eleitorais, Eduardo Ernesto e Luiz Carlos Spina Jr., afirmaram que não houve problema técnico com as urnas ali instaladas. Assessores de Brandão haviam dito pouco antes que ao digitar o número 45, o eleitor via na tela o número 44 (o que prejudicaria o candidato).

O dia do candidato foi marcado por boatos e desmentidos. Brandão reagiu com surpresa ao ser questionado sobre a informação de que teria partido de seu grupo político a difusão de informações falsas a respeito da cassação da candidatura de João Avamileno (PT). “Quem faz estas manhas é o outro lado. Não ouvi ninguém falar nada a este respeito”, afirmou. Brandão também foi questionado sobre o uso eleitoral da memória do prefeito Celso Daniel, assassinado em janeiro 2002. “Não estou usando o nome dele e se estivesse não seria indevidamente, porque sua família me apóia. Jamais pronunciei o nome dele. Aos mortos, nada. A não ser a honra”, declarou.

Pela manhã, Brandão resumiu a uma queixa a síntese das eleições deste ano: “Foi a mais ingrata, injusta. Enfrentei candidatos muito fortes, como Lauro Gomes, mas nunca foram indignos. Hoje a propaganda é diferente. Foi até mais violenta, porque violência não é apenas quando se toma tabefes”, afirmou. Brandão afirmou que faltou dinheiro e acesso à mídia. Afirma insistentemente que nunca teve o poder político ou financeiro a seu lado quando ganhou eleições. “O meu vôo, é um vôo cego.”




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