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Casos crescem 132% em uma semana

Na primeira semana menos rígida da quarentena, casos sobem mais que o dobro do período anterior

Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC
30/06/2020 | 00:01
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Pixabay


A flexibilização gradual da quarentena anunciada pelo governador João Doria (PSDB) nos últimos dias tem se refletido instantaneamente nos números de casos do novo coronavírus no Grande ABC. No dia 19, o tucano permitiu que a região integrasse a Fase 2 (laranja) do Plano São Paulo a partir do dia 22. De lá para cá, passou apenas uma semana, mas os dados mostram aumento de 132,5% no registro de pessoas infectadas.

Na primeira semana de junho – do dia 1º até o dia 7 –, foram 2.193 infectados nas sete cidades. Na semana seguinte, o número foi de 2.216, diferença de apenas 1%. Nos sete dias posteriores, a conta fechou em 2.612, ou seja, 17,9%. Depois da flexibilização, porém, os casos dispararam. Puxada por São Bernardo, que apontou 2.793 contaminados em um único dia, a contabilidade da região chegou a 6.073 infectados em uma semana, aumento significativo de 132,5% em relação ao período anterior.

A situação tende a ficar ainda pior nos próximos dias. Na sexta-feira, Doria autorizou a passagem do Grande ABC para a Fase 3 (amarela) do Plano São Paulo, que permite, além de shoppings e comércios de rua, abrir também restaurantes, bares e salões de beleza a partir do dia 6, desde que respeitada restrição de horário e mantendo o distanciamento físico.

Especialistas acreditam que o resultado da flexibilização da quarentena ainda não foi sentido integralmente na região e que os registros mais altos são reflexo do maior número de testes realizados pelas prefeituras. “O aumento do número de casos em uma semana é porque aumentou a disponibilização de testes e, portanto, mais diagnósticos são feitos. Quanto maior a testagem maior o número de confirmações. A flexibilização, se impactar, será após 14 dias”, comentou o infectologista e professor da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Munir Akar Ayub.

O prazo de 14 dias estipulado pelo infectologista é usado como base para que a pessoa contaminada pelo novo coronavírus tenha sintomas da doença, ou seja, muitos moradores do Grande ABC podem estar contaminados, mas assintomáticos, circulando normalmente e sem recorrer aos centros médicos, o que pode fazer com que o número de infectados seja ainda maior durante esta semana – apenas ontem foram 657 infectados, pior segunda-feira desde o início da pandemia na região.

Epidemiologista e professora do curso de medicina da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Sonia Regina Pereira de Souza acredita que o reflexo da flexibilização será medido na próxima semana. “Ainda é cedo para confirmar a tendência. Mais importante que a frequência absoluta de casos é conhecer a taxa de progressão da epidemia. Tenho analisado curvas de incidência acumulada em Santo André, São Bernardo, São Caetano e São Paulo. Aparentemente os quatro municípios têm caminhado para o platô (estabilização), com redução da taxa de propagação. A exceção foi o aumento abrupto observado em São Bernardo. Seria necessário analisar um período maior para verificar se há mudança consistente na taxa de propagação”, comentou.

Região acumula mais 20 mortes pela Covid

As sete cidades do Grande ABC registraram ontem mais 20 mortes causadas pela Covid-19. Agora, já são 1.109 pessoas que perderam a luta para a doença desde o dia 15 de março, quando foram registrados os três primeiros casos na região – dois em São Bernardo e um em São Caetano.

O maior número foi registrado por São Bernardo, com mais sete perdas, totalizando 363 até agora. Santo André teve cinco óbitos, com 262 no total. Na sequência aparece Diadema, com 221, Mauá, com 132, São Caetano, com 84, Ribeirão Pires, com 36, e Rio Grande da Serra, com 11.

Em relação aos casos, a região registrou mais 657 pacientes infectados apenas em 24 horas, pior número para uma segunda-feira desde o início da pandemia. No total, já são 21.346 moradores do Grande ABC infectados com o novo coronavírus. São Bernardo também lidera com 8.354, seguida por Santo André (6.548), Diadema (3.304), São Caetano (1.902), Mauá (730), Ribeirão Pires (355) e Rio Grande da Serra (153).

A boa notícia vem dos pacientes que conseguiram se recuperar da Covid-19. Nos boletins epidemiológicos divulgados ontem pelas prefeituras foram computados 7.668 pacientes que receberam alta.

ESTADO
O coronavírus segue se espalhando por São Paulo. Ontem, 619 (96%) dos 645 municípios do Estado já tiveram pelo um caso da doença. O secretário de Saúde de São Paulo, José Henrique Germann, informou que são 275.145 casos confirmados e 14.398 óbitos por causa da doença.

De acordo com o secretário, a taxa de ocupação dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) no Estado é de 65% e na Grande São Paulo, de 66,6%.
Na Capital, a prefeitura encerrou ontem os atendimentos no hospital de campanha do Pacaembu. O prefeito Bruno Covas (PSDB) acompanhou a alta dos dois últimos pacientes do local, que desde a inauguração atendeu 1.515 pessoas.

A prefeitura vai substituir a estrutura provisória por 180 leitos em dois equipamentos definitivos. “Nas próximas semanas devemos inaugurar 180 leitos, tanto no Hospital Sorocabana, na reabertura do primeiro piso, quanto na Brigadeiro Luís Antônio, no espaço onde ficava área administrativa da Secretaria Municipal da Saúde”, afirmou Covas.

No Brasil, o Ministério da Saúde informou registro de 692 mortes e 24.052 novos casos nas últimas 24 horas. No total, o País soma 58.314 óbitos e 1.368.195 contaminados. 




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