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Autismo ainda é de difícil diagnóstico
Por Elaine Granconato
Do Diário do Grande ABC
17/04/2004 | 18:42
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Uma em cada mil crianças que nascem no Brasil é autista. Das que têm o problema, 80% são do sexo masculino e têm algum grau de deficiência mental, seja leve, moderado ou grave. Desse universo, apenas 20% possuem inteligência normal e podem freqüentar uma escola pública ou particular de ensino regular. Embora nos últimos 20 anos tenha havido um grande avanço na medicina, a síndrome, que compromete o desenvolvimento normal de uma criança e se manifesta tipicamente antes do terceiro ano de vida, ainda é de difícil diagnóstico. Por exemplo, não existe um tipo de exame capaz de detectar a doença. Nos primeiros meses de vida, a síndrome pode ser confundida com surdez pelo fato de o bebê não corresponder aos estímulos.

No entanto, os médicos e especialistas recomendam como fator determinante que seja feito um diagnóstico precoce. "O prognóstico será melhor para o tratamento clínico e pedagógico da criança, inclusive em termos de resultados", afirmou Estevão Vadasz, que coordena o projeto Transtornos Invasivos do Desenvolvimento do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, de São Paulo. Instituído há cerca de dez anos, o programa já atendeu gratuitamente em torno de 700 autistas entre crianças e adultos. Atualmente, são acompanhados 200 pacientes por mês.

Para se detectar o autismo nos primeiros três anos de vida, há necessidade que haja comprometimento em três áreas distintas: comunicação, sociabilidade e atividade imaginativa restrita, segundo Vadasz, que é psiquiatra. "Realmente é muito difícil perceber a doença antes do terceiro ano de vida", afirmou.

Por mais que a criança autista, na maioria das vezes, tenha uma aparência totalmente normal, alguns sinais já estão presentes desde o nascimento. Porém, só depois dos três anos que os comportamentos se manifestam mais visivelmente, de acordo com a psicóloga Elisabete Fernandes, coordenadora do Centro de Atendimento do Autista da Apaei (Associação de Prevenção, Atendimento Especializado e Inclusão da Pessoa com Deficiência) de Ribeirão Pires.

Tratamento – De acordo com Luiz Celso Vilanova, chefe do setor de Neurologia Infantil da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), ex-Escola Paulista de Medicina, quanto mais tempo a criança autista ficar sem tratamento especializado, menores são as chances de progresso. Segundo os especialistas, dificilmente a pessoa com essa deficiência será curada.

"Infelizmente, o atendimento e o tratamento no Brasil ainda são falhos para uma demanda grande. Existem algumas entidades particulares, que atendem a parcela restrita da população", afirmou a professora Marisa Furia Silva, superintendente da AMA (Associação de Amigos do Autista), de São Paulo, instituição pioneira na área há 21 anos. Marisa também admitiu ser raro um diagnóstico correto e precoce. A recomendação dos profissionais é que os pais procurem por médicos neurologistas e psiquiatras tão logo percebam sinais de atitudes pouco comuns em seus filhos.

O tratamento deve ser feito por uma equipe multidisciplinar – médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e psicopedagogos.




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