Política Titulo Flávio Henrique
‘Todo dia aprendo um pouco e meus colegas aprendem comigo’

Deficiente visual, assessor parlamentar trabalha junto de seu cão-guia Ivvy na Câmara de São Bernardo

Por Daniel Tossato
Do dgabc.com.br
25/11/2018 | 07:00
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André Henriques/DGABC


Flávio Henrique de Souza, 48, vai ao gabinete da vereadora Ana Nice (PT), de São Bernardo, diariamente, onde trabalha como assessor parlamentar e começa a atender demandas e telefonemas. Seria o dia a dia normal de mais um servidor público se não fosse um detalhe, Souza é deficiente visual desde os 14 anos e, acompanhado de sua companheira e cão-guia Ivvy, ele desfruta de liberdade, apesar da cegueira.

“Desenvolvo meus trabalhos como qualquer outro colega. Mas todo dia é um aprendizado novo para mim e para quem trabalha comigo. Há uma troca constante”, relata ele, que perdeu a visão por atrofia do nervo ótico.

A liberdade é tão grande que, em diversas vezes que a equipe do Diário tentou conversar com Souza pelo telefone, ele não podia atender por participar de atividades realizadas pelo gabinete da vereadora longe da Câmara.

O assessor parlamentar atuou no chão de fábrica aos 19, quando começou a trabalhar na Kostal Pauliceia, firma de eletrônicos em São Bernardo. Natural de Avaré, no Interior, chegou à região com 4 anos e morou durante um período em São Caetano.

“Sempre militei pela causa da deficiência visual. Mesmo trabalhando no chão de fábrica eu fazia parte de reuniões para debater a inclusão de deficientes, não só no mercado de trabalho, mas como na sociedade”, argumenta o assessor.

Filiado ao PT desde 1998, passou a frequentar também as reuniões do partido e começou a fazer política, chegando até a pensar em se lançar para um cargo eletivo. “Hoje não tenho mais vontade. Acredito que minha atuação como assessor também é importante e posso agregar muito à causa da deficiência visual.”

Souza é casado e tem dois filhos, mas, além do convívio familiar, recebe a companhia da labradora Ivvy, de 7 anos, que o guia pelos corredores do prédio do Legislativo. “A Ivvy é mais que uma parceira. Estamos há cinco anos juntos. Ela é mais que um cão-guia, ela faz parte da minha família e a trato igual trato meus filhos. Ela faz parte da minha vida.”

Souza teve contato com Ivvy por meio de projeto do Sesi e o assessor foi um dos contemplados para receber o cão-guia. Antes de se tornar grandes parceiros, Ivvy e Souza participaram de treino no qual a cadela e deficiente criam laço quase indivisível durante 15 dias.

Uma das ideia de Souza é exatamente realizar políticas públicas para que deficientes visuais tenha acesso aos cães-guia. Por se tratar de animal que recebe treino específico, acaba sendo muito caro obter um (por volta de R$ 100 mil).  




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