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Os bichos nas estradas paulistas

Quem anda pelo interior paulista se depara de vez quando com animais soltos

Wilson Marini
05/03/2012 | 00:00
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Quem anda pelo interior paulista se depara de vez quando com animais soltos e até atropelados na pista. Mas não faz ideia da dimensão e nem da mobilização necessária para cuidar dos bichos e prevenir acidentes. Somente a concessionária CCR AutoBan recolheu 56 cavalos no sistema Anhanguera-Bandeirantes, sendo 50 vivos, ao longo de 2011. Além disso, chega a ser uma crueldade o que tem sido visto nas rodovias paulistas em relação ao descaso de animais. Cães, gatos e bovinos também são vítimas da falta de cuidado de seus donos. No ano passado a mesma concessionária recolheu 1.477 cachorros nas rodovias, dos quais apenas 215 vivos. O cenário não é diferente em outras grandes rodovias que cortam o Estado. É importante lembrar que abandono de animais é crime e, em caso de acidente, o proprietário pode ser responsabilizado.

Silvestres

Dia 28 de fevereiro uma fêmea adulta de lobo-guará - espécie da fauna brasileira ameaçada de extinção - foi reintegrada à natureza na região de Vinhedo. Resgatada na semana anterior da tubulação de um condomínio, o animal foi examinado e recebeu identificação para monitoramento por meio de um rádio colar e um microchip. A Associação Mata Ciliar atua desde 2009 para preservar a biodiversidade por meio do Projeto Guardiões da Mata. Todo animal silvestre resgatado com vida é encaminhado à ONG, em Jundiaí, para ser reabilitado e reintegrado à natureza. Em três anos, o projeto reintegrou à natureza cerca de 60 animais silvestres - capivaras, bichos-preguiça e até gavião.

Onça

Segundo Cristina Adania, veterinária responsável pelo centro de reabilitação de animais silvestres da Mata Ciliar, a situação é cada vez mais difícil: "São animais que somente tentam sobreviver em meio à velocidade da urbanização e do desaparecimento de seu habitat". Um caso que ficou famoso foi a reintegração da onça Anhanguera, em abril do ano passado. Uma onça-parda (suçuarana) macho ganhou esse nome porque foi atropelada na rodovia homônima e, após um ano e meio de cativeiro, com cuidados especiais e sem contato humano, foi encaminhada a um recinto dentro de uma floresta da região, para fortalecer os músculos e reaprender a caçar, sendo finalmente reintegrada à natureza em abril de 2011.

Mata

A preservação da Serra do Japi - pedaço da Mata Atlântica entre os municípios de Jundiaí, Cajamar, Cabreúva e Pirapora do Bom Jesus - frente aos avanços da especulação imobiliária é um tema levantado na Assembleia Legislativa pelo deputado Pedro Bigardi (PCdoB). Ele cita estudos que confirmam a necessidade de transformar este patrimônio ambiental em uma unidade de conservação integral. Ativistas e entidades pedem o aumento na proteção da área de mata nativa da serra. Bigardi é autor de projeto de lei que pede a criação do Parque Estadual Serra do Japi.

Meio ambiente

O governo do Estado criou o Programa Estadual de Implementação de Projetos de Resíduos Sólidos. O objetivo é beneficiar municípios que sofrem com a falta de opções para a destinação dos resíduos sólidos, como a região do Alto Tietê. Os municípios poderão contar com recursos do Estado para a realização do projeto ambiental. O programa prevê a ampliação de coleta seletiva, triagem e destinação adequada do ponto de vista ambiental e garante o subsídio, por meio de recursos técnicos e financeiros, através da Secretaria de Meio Ambiente.

Portinari

Comentamos nesta coluna na semana passada a exposição de dois painéis importantes de Cândido Portinari, no Memorial da América Latina, na capital. Agora vem a notícia de que cerca de 20 obras do artista brasileiro, nascido em Brodowski, no Interior Paulista, expostas na Igreja do Senhor Bom Jesus da Cana Verde, em Batatais, passam por um processo grave de deterioração. O acervo, avaliado em 30 milhões de dólares, está submetido a uma infestação de cupins e infiltração. A igreja guarda obras que compõem o maior acervo sacro do artista, incluindo 14 telas da Via Sacra tombadas pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico de São Paulo (Condephaat). Há burocracia e impasse entre as instituições envolvidas, segundo o deputado estadual Edinho Silva (PT). "O governo não pode permitir que o maior acervo sacro de Candido Portinari pereça em nosso Estado", diz ele.




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