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Manente quer retribuir confiança de S.Bernardo
Por Juliana de Sordi Gattone
Do Diário do Grande ABC
14/11/2004 | 15:56
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“Estar integrado com a comunidade faz com que a própria população vire um correligionário da candidatura.” Assim o mais votado vereador do Grande ABC e da história de São Bernardo, Alex Manente (PPS), definiu o motivo da sua façanha. Com 25 anos, formado em Direito no ano passado e filho do vereador licenciado e secretário de Obras Otávio Manente, Alex traz no currículo a vivência política adquirida nos anos em que acompanhou o pai nas campanhas e depois durante os mandatos na Câmara e no Executivo.

Ele comanda três escritórios de atendimento à população – no Jordanópolis, Rudge Ramos e Jardim Silvina – desde o início de 2003, mas nega que à época já pensava em se candidatar. “O grupo só decidiu pelo meu nome no fim de 2003.” Calmo, Alex não esconde o orgulho de ter sido o candidato mais votado em sua cidade, com 12.507 votos, ou 3,14%. Mas admite que houve a transferência de votos de seu pai para ele. Admirador de Juscelino Kubistschek e do prefeito reeleito de São Bernardo, William Dib (PSB), Alex afirmou que o pai é seu grande líder. “Acho que é nele que tenho de me espelhar.” Leia os principais trechos da entrevista:

DIÁRIO: Como foi o primeiro contato com a política?
ALEX MANENTE: Começou quando meu pai ganhou a primeira eleição para vereador, em 1996. Participei com 16 anos da campanha dele e depois de eleito eu trabalhei junto com ele na Câmara, fazendo a integração com a comunidade. Trabalhei a partir de 1998, quando fui registrado na Câmara como assessor. Em 2000, ele foi disputar a reeleição e eu coordenei parte da campanha. Ele foi o segundo mais votado. Em seguida, 2001, ele assumiu a Secretaria de Obras e eu fui trabalhar na Coordenadoria de Ações Comunitárias, mas saí da Prefeitura no final de 2002 e montei os escritórios de atendimento à população. São três no total. E fizemos a integração com a comunidade, participávamos do dia-a-dia, em reuniões e reivindicações, e passamos a interagir com a população.

DIÁRIO – Isso foi em 2003.
MANENTE: Com o escritório de atendimento à população, sim, mas já fazíamos isso antes na coordenadoria e antes na assessoria. Com o escritório foi a partir de 2003.

DIÁRIO – Em 2003, o sr. já tinha a intenção de sair candidato?
MANENTE: Não. Meu pai, quando se reelegeu, disse que não sairia mais candidato a vereador e o grupo decidiria um candidato no final de 2003; e esse grupo decidiu pelo meu nome. Até por estar coordenando esse trabalho, participando da vida da comunidade. Isso foi no fim de 2003.

DIÁRIO: Quem o sr. considera como exemplos de administradores?
MANENTE: Como presidente, nós tivemos Juscelino Kubistschek (1956–1961), que para mim foi um grande estadista. Aqui em São Bernardo, acredito que o Dib foi o melhor prefeito, mesmo em um curto período de mandato. É, sem dúvida, quase que unanimidade na cidade e é um líder político. Mas meu líder maior é meu pai. Acho que é nele que tenho de me espelhar, porque ele consegue conduzir o trabalho de forma ética e tem uma proposta de integração com a comunidade, que é a base de um trabalho sério.

DIÁRIO: Tem uma faixa dizendo que o sr. é o vereador mais votado da história do Grande ABC...
MANENTE: Tirando a capital de São Paulo e mais duas capitais, sou o vereador mais votado do Brasil. (Alex Manente foi o mais votado do Grande ABC e do Estado, exceto em Ribeirão Preto, onde Dárcy Vera (PFL) teve 27.787 votos, e na capital, onde José Aníbal (PSDB) registrou 165.880. Ele foi o mais votado do Brasil tirando nove capitais: Manaus, Salvador, Fortaleza, Belo Horizonte, Belém, Recife, Curitiba, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.)

DIÁRIO: Quais são as capitais?
MANENTE: Não sei, ao certo, mas deve ser São Paulo, Rio e Belo Horizonte. Eu não sei. Já não tenho certeza.

DIÁRIO: Neste ano aconteceu um “fenômeno” na região, pois filhos de vários políticos foram eleitos logo na primeira eleição que disputaram. O sr. acha que houve uma transferência de pai para filho?
MANENTE: Acredito. Eu vi até uma matéria que falava sobre isso no Diário. Eu acredito que a transferência existe quando o trabalho dos pais foi bem realizado. Não é uma coisa de coronelismo.

DIÁRIO: Como o sr. pretende desenvolver o mandato? Pretende integrar alguma comissão?
MANENTE: Pretendo sim. Quero ser muito atuante na Câmara Municipal. Eu acredito que quando as pessoas escolhem o seu candidato a vereador, primeiro é para que ele as represente no âmbito municipal – porque essa é a função do vereador –, mas eu tenho certeza que eles querem ter um vereador atuante. O máximo que eu puder atuar em favor da comunidade, seja integrando comissões, fazendo parte de outras coisas, participando da vida da Câmara, eu quero fazer. A minha responsabilidade é muito grande, porque eu nunca fui candidato e com 25 anos ter essa votação, eu tenho de honrar cada voto todo dia. Meu futuro político começou hoje.

DIÁRIO: Falando da composição do secretariado do prefeito William Dib, o sr. acha que tem alguma possibilidade de ser convidado para comandar uma Pasta?
MANENTE: Não vejo nenhuma possibilidade. Tanto que meu pai deve continuar na Secretaria e eu quero exercer meu mandato de vereador.

DIÁRIO: Seu pai, que foi vereador e secretário de Obras, foi acusado pelo vereador Osvaldo Camargo de atribuir as benfeitorias em bairros ao sr., que ainda não era do Legislativo. Disse também que o sr. estaria invadindo o reduto eleitoral dele. Como foi feita a campanha?
MANENTE: Primeiro, não existe reduto eleitoral. Acho que chamar de reduto é menosprezar a capacidade da população de julgar e escolher o político. Depois, aconteceu o seguinte: meu pai se licenciou da Secretaria de Obras para coordenar a campanha do Dr. Dib. Eu nunca andei com o meu pai em locais para dizer que as obras haviam sido requeridas por mim. Nunca. Em nenhum momento da campanha eu andei com ele falando que a reivindicação foi minha. Pelo contrário, sempre dei muito valor porque acredito que o prefeito é o grande responsável por todas as obras que foram feitas. Eu sempre enfatizei que foi o prefeito que conquistou, e ele já vinha conquistando. Não foi uma coisa eleitoreira. Em relação a isso eu estou muito tranqüilo e é natural que as pessoas no momento procurem outras alternativas para falar.

DIÁRIO: Há pouco tempo seu pai foi criticado por não ter cumprido nem um mês o mandato de vereador. Como o sr. avalia o caso?
MANENTE: A licença que ele pegou foi para ser secretário. Foi a primeira vez que ele não exerceu o mandato, como outros também. Eu acredito que foi ético. Ele deixou de exercer o mandato de vereador para coordenar a campanha do prefeito e ele ficou sem a remuneração tanto da Câmara quanto do Executivo. Acho que foi uma atitude ética e tentaram polemizar para poder gerar fato político. Mas naquele momento foi a atitude correta. Eu não pretendo pedir licença. Pelo contrário, sou a favor de acabar com o recesso de julho.




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