Nacional Titulo Educação no escuro
Falta luz em 17.795 escolas do País
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20/07/2009 | 07:02
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O governo federal anunciou em maio o cumprimento da meta do programa Luz para Todos. A proposta de levar energia elétrica para todas as comunidades do País, no entanto, deixou para trás pelo menos 17.795 escolas, na maioria, rurais. São cerca de 500 mil estudantes, especialmente de 1ª a 4ª série do Ensino Fundamental que estudam em escolas onde não há geladeira, tevê e, em um dia sem sol, cadernos e livros ficam difíceis de decifrar.

Em número de alunos, essas escolas representam menos de 1% dos estudantes brasileiros. Na sua maioria, estão em áreas rurais, afastadas da zona central dos municípios, mas, segundo o Inep (Instituto Nacional de Estatísticas e Pesquisas Educacionais), que realiza o censo escolar, mesmo em áreas urbanas há casos. "A escola do bairro de Itapoã, em Brasília, teve a energia ligada este ano, porque não havia luz em todo o bairro", conta Maria Inês Pestana, diretora de estatísticas educacionais do Inep. "Muitas vezes a educação chega antes da infraestrutura."

Entre 2007 e 2008, 4.133 escolas brasileiras receberam a ligação de energia elétrica. Desde 2003, 16 mil escolas rurais teriam sido beneficiadas. Ainda assim, o número de alunos no escuro ainda é alto.

Escolas sem luz, mesmo que apenas diurnas, impedem a chegada de laboratórios de informática - que o Ministério da Educação pretende levar a todas as escolas rurais até o fim de 2010 -, não permitem o uso de televisores, vídeos e outros materiais para apoio às aulas e prejudicam até mesmo a merenda escolar. Sem uma geladeira para guardar frutas, verduras e carnes, a alimentação dos estudantes fica mais pobre.

"A falta de luz é uma situação grave, dificulta o trabalho em sala de aula e até mesmo a chegada de programas", afirma a secretária de Educação Básica do MEC, Maria do Pilar Lacerda que, no entanto, achou o número encontrado pelo censo excessivo. "Mas a gente não briga com números. A tendência, de qualquer forma, é chegar até o fim de 2010 com eletricidade em todas as escolas."

Estrutura - O censo escolar 2008 mostra, ainda, que a infraestrutura escolar no País ainda é precária. Não apenas falta luz, mas 945 escolas vivem até hoje sem água. Os laboratórios de informática, uma das prioridades do governo federal, chegaram a apenas 26% delas; as bibliotecas, a 36%. E, quando se fala em estrutura didática, nem mesmo as escolas privadas escapam: 12,6 mil delas não têm uma biblioteca, o equivalente a 36% de todas as que estão em funcionamento no País.

Faltam, também, laboratórios de ciências. Mais simples e baratos do que os computadores que o MEC está tentando espalhar pelo País, eles estão em apenas 9% do total de escolas brasileiras - 21% das privadas.

A secretária de Educação Básica afirma que, pelo menos até o 5º ano, laboratórios de ciências não são prioritários. A contagem inicial do censo não discrimina quantas dessas escolas sem laboratórios são apenas dos anos iniciais do Ensino Fundamental. No entanto, o baixo número de laboratórios permite presumir que a maior parte das escolas a partir do 5º ano, incluindo Ensino Médio, não tem estrutura para ensino de ciências.

Os laboratórios passam a ser importantes a partir do 6º ano, especialmente no Ensino Médio. Tanto que, no projeto de mudanças nessa fase, a criação de laboratórios será um dos itens que poderemos financiar, segundo Maria do Pilar.




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