Setecidades Titulo Saúde 2
Incidência de colesterol alto na infância traz alerta aos pais

Pesquisa aponta que o problema afeta pelo menos 20% da população infantil

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
08/08/2014 | 07:00
Compartilhar notícia
Celso Luiz/DGABC


Colesterol alto não é problema só de gente grande. Hoje, Dia Nacional de Controle do Colesterol, especialistas fazem alerta especial às crianças, já que a incidência da doença nesta faixa etária tem avançado. Estudo do Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística) revelou que 40% dos adultos e 20% das crianças possuem colesterol LDL (o tipo mau) alto no País.

A médica nutróloga e professora titular de Clínica Pediátrica da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) Roseli Oselka Saccardo Sarni explica que o ideal é que o LDL esteja abaixo de 110 mg/dl (miligramas por decilitro). “Na faixa entre 110 a 130 mg/dl ainda seria aceitável, mas o ideal é estar abaixo de 110.”

Em consulta de rotina no ano passado, a analista de recursos humanos Viviane Luzinete da Silva Máximo, 28 anos, de Mauá, descobriu que o nível de colesterol ruim da filha, Júlia Máximo, 10, estava em 113 mg/dl. “A descoberta veio em uma bateria de exames anuais que a pediatra pediu com a finalidade de acompanhar o crescimento dela, pois, na época, ela estava se desenvolvendo um pouco mais lentamente que o normal.”

As causas do aumento no colesterol são multifatoriais. “Pode ser genética ou decorrente de doenças metabólicas, como problemas na tireoide, remédios, depende de vários fatores”, diz o endocrinologista do Hospital Christóvão da Gama Marcio Krakauer.

A especialista da FMABC ressalta ponto que pode ser considerado como o maior fator de risco. “Não é tanto o consumo de gordura saturada, carnes gordas, por exemplo, mas de gordura trans, que é a gordura vegetal hidrogenada usada para recheio de biscoitos, em chocolates, sorvetes. Esse tipo de gordura é extremamente danoso para o metabolismo do colesterol e está muito presente na alimentação infantil industrializada.”

Justamente coisas que Julia gostava muito de comer. “Ela se alimentava apenas de frituras e alimentos industrializados. Era uma guerra quando tentávamos introduzir coisas mais saudáveis. Ela teve um choque logo após realizar os exames porque, além da descoberta do colesterol, deu também uma leve anemia”, lembra Viviane.

Com o esforço dos pais, a garota começou a comer legumes, frutas e carnes. “Vi que é melhor para a minha saúde. Desde que comecei a me alimentar melhor, tenho mais disposição no dia a dia, estou crescendo e ganhando peso normalmente. Não foi ruim começar a comer de forma saudável, é uma questão de hábito”, comenta Júlia.

Para tratar o colesterol alto em crianças com menos de 10 anos, não é permitida a introdução de medicamentos, somente reeducação alimentar e atividades físicas. A nutróloga da FMABC orienta a realização de pelo menos um exame nesse período da vida, para acompanhamento. “Seria interessante que, até os 10 anos, a criança tivesse seu colesterol dosado ao menos uma vez.”

Mudança deve ser para toda a família

No combate e prevenção ao colesterol alto dos filhos, as mudanças de hábito não devem envolver só as crianças. “O ideal é trabalhar a família como um todo. O recomendado é que, se possível, seja procurada nutricionista que possa fazer mudanças alimentares reais para todos. Se não for possível, a gente orienta a tentar limitar em quantidade pequena os produtos que são piores para o colesterol”, ressalta o endocrinologista do Hospital Christóvão da Gama Marcio Krakauer.

“Hoje estamos com quase 50% da população adulta com excesso de peso, o que nos faz pensar que os pais e mães estão comendo muito mal, e eles são modelos para os filhos”, salienta a médica nutróloga e professora titular de Clínica Pediátrica da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Roseli Oselka Saccardo Sarni.

Os especialistas também destacam a necessidade de tomar certos cuidados no preparo do lanche escolar. “Sempre é uma saída melhor a criança levar os alimentos de casa. Dando dinheiro para que ela compre, o ato vai ser baseado no desejo; ela vai comprar o que gosta, e não o que precisa”, fala Krakauer.

“Os alimentos industrializados não devem ser rotina. Permita que a criança leve alguns desses produtos, no máximo, duas vezes por semana”, diz Roseli. A nutróloga acrescenta que a alimentação saudável deveria ser mais difundida nas instituições de ensino. “Um passo muito importante seria trabalhar com educação nutricional nas escolas. Crianças são extremamente sensíveis ao processo educativo e a escola deve ter esse papel.” 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;