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Grande ABC lê 25% mais livros que a média nacional
Por Nelson Albuquerque
Do Diário do Grande ABC
20/12/2009 | 07:00
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O leitor do Grande ABC lê 1,87 livro por ano, segundo estudo do Inpes (Instituto de Pesquisas da USCS - Universidade Municipal de São Caetano). Neste número são consideradas pessoas com 18 anos ou mais e descartados títulos didáticos, técnicos e religiosos. Dentro desse perfil, a média nacional, de acordo com o Instituto Pró-Livro, fica em 1,5 livro por ano. A leitura desses dados permite dizer que a região lê 25% a mais que a média brasileira.

"É um dado significativo", diz o professor de estatísticas Leandro Campi Prearo, supervisor técnico do Inpes. Segundo ele, "a região é diferenciada, com boa escolaridade".

O estudo da USCS é de setembro deste ano e publicado agora, com exclusividade, pelo Diário. É um levantamento sobre o comportamento socioeconômico do Grande ABC. No bloco que aborda os hábitos de mídia, estão os números a respeito do livro. Foi realizado com pessoas a partir de 18 anos em 1.079 residências nas sete cidades da região. Desconsidera obras técnicas e didáticas, além de Bíblia e Evangelho.

Já a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, do Instituto Pró-Livro, fez 5.012 entrevistas nos 27 Estados, em 2007. Diz que o brasileiro lê, em média, 1,3 por ano, mas incluindo leitores a partir de 5 anos e obras didáticas e religiosas.

Maioria não dispensa ida à livraria

As vendas de livro pela internet são crescentes. Acompanha, é claro, o aumento do comércio eletrônico. Mas a maioria dos consumidores desse produto cultural ainda prefere comprar na livraria, fuçar prateleiras e trocar informações com o vendedor.

O Grande ABC conta com uma boa oferta de livrarias e sebos, onde o leitor pode adquirir novos e usados. Em São Caetano, a Livraria Lobato completará 15 anos de portas abertas e, em muitos desses, foi a única da cidade. Hoje há pelo menos cinco opções.

As prateleiras têm cerca de 20 mil títulos e 80% das vendas são feitas na própria loja. "Quem mora por perto prefere vir buscar. Tenho aqueles clientes fiéis, até amigos. Um deles achou o Crepúsculo em uma rede de conveniência mais barato, mas falou ‘quero comprar com você'", conta Ricardo Furtado, proprietário da Lobato.

Os outros 20% são vendas pela internet. "Nesse caso é mais para outros Estados", diz Furtado, que pretende fazer esse número chegar aos 50%.

A internet é uma das alternativas que a Lobato encontrou para melhorar o caixa. As outras são as seções de livros usados (com preços a partir de R$ 2) e discos de vinil. "Preciso dessas alternativas porque antes eu vendia muito didático, mas hoje as escolas compram apostilas diretamente das livrarias e isso nos prejudicou bastante", explica.

Segundo a pesquisa O Livro no Orçamento Familiar, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a maioria dos consumidores prefere comprar diretamente na livraria. O número chega a 66%. As aquisições pela internet representam pouco menos de 5%.

NOVAS LOJAS - Por isso, ainda existe quem invista no setor. É o caso do empresário Gilberto Costa, que, há dois meses, abriu uma franquia da Nobel na Rua das Figueiras, em Santo André. "Temos livraria em São Paulo e, antes de inaugurar esta, fizemos uma pesquisa de mercado e conhecemos bem o potencial da região", afirma Costa.

Suas vendas na loja representam 85%, além de 10% por telefone e 5% pela internet. O empresário acredita no crescimento das vendas eletrônicas. "O paulista vive em um mundo maluco, com muito trânsito e trabalho", diz.

Mesmo assim, entende que as pessoas não abandonarão o hábito de ir à livraria. "O bom leitor quer o contato com a peça e com o vendedor. Ele não vai perder esse vício. Até por isso colocamos um café aqui, porque livro e café fazem um casamento perfeito", acredita.

Dono de dois sebos em São Bernardo, o empresário Paulo Rosa também confia que ficar de portas abertas ainda é o mais vantajoso. Tem cerca de 30 mil títulos à venda e apenas 500 deles disponíveis na internet. "Na loja, a pessoa tem 1.000 chances de encontrar outros livros." Tanto Rosa quanto Furtado fazem suas vendas virtuais por sites como o www.estantevirtual.com.br.

Paulo Rosa defende também a enciclopédia como fonte de pesquisa. "Entendo a importância do Google, mas em casa tenho uma enciclopédia. Minha filha vai na internet, só que também tem de dar uma olhadinha no livro, porque assim sempre aprende algo a mais", aconselha.

RIO GRANDE - A única cidade da região sem livrarias ou sebos é Rio Grande da Serra. "O morador daqui costuma comprar pela internet ou em shoppings de fora da cidade", diz o bibliotecário Fábio Luciano Moura, responsável pela Biblioteca Municipal Monteiro Lobato, que é, aliás, uma boa opção para o leitor. "Temos uma média de 300 empréstimos de livros por mês", diz Moura.




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