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Povo pobre, governo rico

Lembra do delegado Romeu Tuma Júnior, secretário nacional da Justiça? Foi afastado do governo federal por uma série de suspeitas

Carlos Brickmann
28/07/2010 | 00:00
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1 - Lembra do delegado Romeu Tuma Júnior, secretário nacional da Justiça? Foi afastado do governo federal por uma série de suspeitas: de envolvimento com Paulo Li, preso sob a acusação de contrabandear celulares falsos; de tentar forçar a aprovação do namorado da filha num concurso público em que tinha sido reprovado; de tentar evitar um flagrante, no aeroporto de Guarulhos, contra parentes do ex-prefeito do Guarujá, Farid Mahdi, e de sua esposa, a deputada Haifa Mahdi, ambos do PDT, que levavam ilegalmente US$ 160 mil para Dubai. É uma façanha, ser afastado de um governo federal que mantém alianças indestrutíveis com Jader Barbalho, Renan Calheiros, Fernando Collor, José Sarney. E Romeu Tuma Júnior, mesmo com o pai senador, integrante da base do governo (e agora candidato à reeleição), conseguiu realizar esta façanha. Agora, a obra está completa: exonerado do cargo, Tuma Júnior recebeu do governo R$ 11,2 mil como "ajuda de custo". É para ajudar na mudança.

2 - Como o País é rico, o governo enviou ao Congresso o projeto 7.377/2010, garantindo a cada campeão do mundo de futebol em 58, 62 e 70 a quantia de R$ 100 mil, mais a pensão mensal de R$ 3.467. Por algum motivo, os campeões do mundo em 1994 e 2002 não têm prêmio. Por algum motivo, campeões em outros esportes - tênis, boxe, basquete, vôlei - não têm prêmio. Mas, se entrarem na Justiça, as tetas da vaca federal terão de buscar mais leite nos nossos impostos.

FICHA SUJA...

O Psol, partido de esquerda cujo candidato à Presidência é o antigo democrata-cristão (ala Montoro) Plínio de Arruda Sampaio, é ferrenho defensor da Lei Ficha Limpa - desde que atinja apenas gente de outros partidos. O Psol está furioso com o pedido de impugnação de Aldo Santos, seu candidato a vice em São Paulo, condenado pelo Tribunal de Justiça por usar veículo e materiais da Câmara de São Bernardo no apoio a uma invasão de terras promovida pelo MTST (esse mesmo: o movimento que invadiu o Congresso e quebrou tudo).

...SÓ DOS OUTROS

Segundo o Psol, a impugnação a Aldo Santos é "aplicação equivocada da lei", já que ele "não é corrupto" e, sim, "vítima da criminalização dos movimentos sociais". De acordo com o TJ, Aldo Santos teve "conduta ímproba" - ou seja, desonesta. E a lei fala em condenados por colegiado de juízes, como Aldo o foi.

E UM HOMEM MORREU

Cenário: Academia de Polícia (civil) de Mogi das Cruzes, São Paulo. Início: um dos policiais não soube carregar corretamente a arma. Meio: como punição, o delegado Maurício Lemos Freire determinou que o policial fizesse 50 flexões. Final: o policial teve um infarto. Não havia médico nem ambulância. O policial morreu. Algumas perguntas que deveriam ser rapidamente respondidas: como é que, num local de manejo de armas, em que acidentes são possíveis, não há médico disponível? Há controle periódico das condições físicas dos policiais? Se até em jogos de futebol há ambulâncias, por que faltam numa academia de polícia? Não se trata de culpar ninguém, antes das investigações. Afinal de contas, também existe a fatalidade. Mas, convenhamos, fatalidade não precisa de ajuda.

CADÊ O SIGILO?

A investigação sobre a quebra do sigilo fiscal pela Receita Federal anda a passos de discurso do senador Suplicy: qualquer tartaruga de bengala andaria mais rápido. Até já se divulgou o nome de quem teria violado o sigilo, mas o segredo a respeito de quem mandou violá-lo e a quem foram entregues os dados continua absolutamente blindado. São coisas difíceis de investigar: até hoje não se sabe, por exemplo, de onde vieram os dólares na cueca do assessor petista.

A FIESP EXPLICA

O chefe da Comunicação Corporativa da Fiesp, Ricardo Viveiros, esclarece as notas desta coluna sobre o uso da entidade em favor da candidatura de seu presidente licenciado, Paulo Skaf (PSB), ao governo paulista. Diz Viveiros que os e-mails pedindo votos para Skaf foram enviados, mas por distração de uma diretora, que se confundiu e pensou estar usando seu endereço pessoal. "A Fiesp", completa Viveiros, "é legalista, e não faz nada que possa contrariar qualquer legislação. E o Paulo Skaf também".




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