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Trabalhadores temem fechamento da Alcoa
William Glauber e Luciele Velluto
Do Diário do Grande ABC
23/11/2006 | 22:19
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Demissões e início de processo de reestruturação produtiva na fábrica da Alcoa, em Santo André, provoca arrepios em 500 trabalhadores da fábrica e em dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. Os sindicalistas temem o encerramento das atividades da fábrica do Grande ABC e exigem clareza da empresa sobre o futuro da unidade. Nesta quinta-feira, em assembléia informativa, já ameaçaram a empresa com greve.

Na última sexta-feira (17), 39 trabalhadores foram dispensados da Alcoa. A empresa explica que 30 deles atuavam no processo de Trefila – liga de alumínio utilizada pela indústria automobilística e exportada aos Estados Unidos. “Dada a atual realidade dos preços internacionais para este tipo de produto e a posição do câmbio, deixou de ser viável a exportação, razão pela qual a empresa adequou capacidade de produção ao mercado interno”, explicou a companhia, por nota.

A Alcoa garante que a produção de trefilado não será interrompida na planta do Grande ABC e, durante todo o ano de 2006, o produto representou 15% da produção da unidade. Dessa forma, a produção de outros produtos, que correspondem à maior parcela das atividades da unidade Utinga, não será interrompida e a empresa não será fechada.

Embora seja positiva a versão da Alcoa, sindicalistas e trabalhadores estão temerosos. O secretário-geral da entidade de representação, Adonis Bernardes, diz que o setor de trefilados responde por mais de 60% da produção da unidade, mesmo empregando apenas 70 trabalhadores no processo. “O corte dessa produção pode comprometer, sim, a permanência da fábrica”, diz o sindicalista. Bernardes relembra que, em todo o mundo, o grupo que emprega 129 mil pessoas vai demitir 6,7 mil trabalhadores e fechar unidades.

Preocupação – Os empregados da Alcoa também demonstram preocupação com o futuro da unidade. O operador de extrusão Elinaldo Cavalcante de Sousa sabe que o movimento de cortes na empresa multinacional é geral, mas, assim como seus colegas, conta que todos os funcionários se sentem ameaçados com as últimas notícias. “O pessoal que foi mandado embora era recente, como eu. Por isso, tenho medo”, conta.

Os trabalhadores contam que a maior parte dos demitidos era jovens e a maior parte solteiro. “Mesmo assim é difícil conseguir emprego, mas para quem tem família e idade é bem pior”, acredita o operador Eden José Clementino Alves. Ele trabalhava na seção de trefilagem e foi transferido de função quando houve as demissões. “O setor ficou vazio. Ficaram umas 11 pessoas de mais de 30. É triste ver os amigos saindo”, diz.



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