Líder entre os sedãs médios e temido pela concorrência, o Corolla passou por leve atualização visual e de equipamentos no mês passado em busca de manter-se inatingível. Porém, diante dos rivais que se mexem e trazem novidades para o mercado brasileiro - Peugeot 408, Renault Fluence, Volkswagen Jetta... -, a Toyota pode ter pecado pelo excesso de cautela. Para ver se os japoneses derraparam nas quatro rodas, convocamos o bom de briga Ford Focus Sedan para um duelo.

Avaliamos as versões intermediária XEi do Corolla (R$ 76.770) e topo de linha Titanium do Focus (R$ 78.430) - ambas automáticas.

No asfalto, os dois são muito parecidos. Utilizam motores 2.0 16V flexíveis. O Corolla, com um bloco mais moderno, leva ligeira vantagem por entregar maior torque - 20,7 mkgf, contra 19,4 mkgf (etanol) - em rotações mais baixas. Em termos de potência, os pesos se equivalem, apesar de o propulsor da Toyota ser 4 cv superior (etanol).

Os dois vacilam no quesito transmissão, com câmbios de apenas quatro marchas. No caso do modelo produzido em Indaiatuba (Corolla), a caixa conversa melhor com o propulsor e as trocas ocorrem de forma rápida e suave. No modelo fabricado na Argentina (Focus) o câmbio inibe parte do vigor do motor e as trocas são mais sentidas na cabine.

E por falar em transmissão, os dois têm opção de trocas manuais, mas no caso do Toyota, o paddle shift (borboletas atrás do volante - item de série) garante maior diversão na condução. No Ford, esse equipamento não existe.

Em termos de suspensão, equilíbrio é a palavra que melhor define os dois. São confortáveis, sem abusar da maciez. Firmes nas curvas, sem apelar para a rigidez que incomoda.

Por dentro, as diferenças começam a saltar aos olhos. A falta de ousadia da Toyota contrasta com detalhes mais arrojados do Ford. Destaque para o botão start/stop do Focus e o painel de instrumentos com traços mais modernos, como computador de bordo entre conta-giros e velocímetro.

O revestimento dos bancos em couro (série em ambos) e a utilização de peças plásticas e emborrachadas de qualidade com encaixes adequados agregam o requinte necessário para o segmento que Corolla e Focus ocupam.

Em termos de espaço, o argentino tem 4 centímetros mais de distância entre os eixos e é 8 centímetros mais largo. Na prática, os dois entregam conforto aos joelhos e cabeças dos passageiros grandões. E mesmo menor em comprimento (6 cm), o porta-malas do Focus é sensíveis 56 litros superior.

No que se refere a recheio, os dois oferecem pacotes fechados, sem a possibilidade de opcionais. No caso do Ford, a versão Titanium é a mais completa. Para o Toyota, ainda há a opção mais equipada Altis.

Focus e Toyota são repletos de mimos. Trazem rodas de liga leve de 16 polegadas, ar-condicionado automático, controlador de velocidade, computador de bordo, CD player com MP3, faróis de neblina, freios com ABS e EBD (distribuidor eletrônico de frenagem) e air bag duplo frontal.

Porém, o Ford - R$ 1.660 mais caro - oferece teto solar panorâmico, sensor de estacionamento traseiro e comando de voz. O Toyota, é importante ressaltar, oferece a mais air bags laterais e paddle shift.

Em design, os dois transmitem impressões distintas. Enquanto o Corolla pode ser ideal para executivos consolidados, o Focus parece agradar também os jovens com futuro promissor.

VEREDICTO - Como previsto, embate duro. Ambos têm desempenho parecido e acabamento interno de qualidade. Até mesmo na lista de equipamentos de série há igualdade, embora se diferenciem em alguns itens. Mas com alguns centímetros a mais - e litros no porta-malas - , o Focus leva a melhor. Por muito pouco, mas leva.