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Por que a viúva-negra mata o macho?
Juliana Ravelli
Do Diário do Grande ABC
22/04/2012 | 07:00
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A viúva-negra pode matar o macho para se alimentar. Em geral, isso acontece quando ele invade a teia da fêmea que ainda não está preparada para acasalar. Desse modo, ela o come como faria com qualquer presa. Mas ao contrário do que muita gente imagina, poucas tiram a vida do parceiro durante ou após a reprodução.

Na realidade, depois do acasalamento, o macho quebra seu órgão reprodutor (chamado palpo) dentro do órgão de reprodução feminino (epígino). É uma maneira de impedir que outro consiga cruzar com a fêmea. Ao romper o palpo, perde hemolinfa (o sangue das aranhas); assim, morre por hemorragia. Nesse caso também pode servir de alimento se permanecer próximo à teia dela. De qualquer forma, a maioria das aranhas machos vive pouco tempo após tornarem-se adultas.

Várias espécies - que pertencem ao gênero Latrodectus - podem ser chamadas de viúvas-negras. Costumam ter o corpo preto com manchas vermelhas nas costas e uma no formato de ampulheta (objeto para medir o tempo) na barriga. Por causa da coloração, também recebem o nome de flamenguinhas em algumas regiões do Brasil. A fêmea chega a 1,2 cm, com 5 cm de envergadura (distância máxima entre a ponta de uma pata e outra). Já o macho é cerca de três vezes menor.

 

Habita grande parte do mundo

Após o acasalamento, a viúva-negra fabrica uma ou mais ootecas em forma de globo (pode ser maior do que seu corpo), onde deposita cerca de 50 ovinhos. O saquinho serve para protegê-los, principalmente dos predadores. Ao nascerem, os filhotes logo se separam para buscar local onde construirão sozinhos a própria teia.

Como outras espécies de aranhas, a viúva-negra, em geral, alimenta-se dos insetos que ficam presos na teia. É encontrada no mundo todo, com exceção dos Polos. No Brasil, é comum em regiões mais quentes, como o cerrado, caatinga e restingas litorâneas (terreno coberto por areia e próximo ao mar). Gosta de ambientes escuros, com boa circulação de ar, sob pedras, troncos e barrancos.

É venenosa, porém, não possui comportamento agressivo. Sua picada pode causar fortes dores nos músculos, cãibras, problemas nervosos e, em casos mais graves, até matar. Entretanto, acidentes são muito raros no País, diferentemente do que ocorre com a aranha-marrom e a armadeira, consideradas as mais perigosas.

 

Aranha é aracnídeo

Aranha não é inseto, mas aracnídeo (mesma classe do escorpião e carrapato). Possui quatro pares de pernas articuladas e o corpo dividido em duas partes. Não tem asas nem antenas. O esqueleto fica do lado de fora do corpo, por isso, é chamado de exoesqueleto. Calcula-se que cerca de 42 mil espécies sejam conhecidas no mundo; aproximadamente 3.500 delas podem ser encontradas no Brasil. Mas não se sabe ao certo quantas ainda podem ser descobertas.

Ficou com curiosidade de ver aranhas de pertinho? Basta visitar o Instituto Butantan (Avenida Dr. Vital Brasil, 1.500, tel.: 3726-7222), em São Paulo. Além de observar a viúva-negra, armadeira, aranha-marrom, entre outras, é possível conferir serpentes, escorpiões e iguanas. Aberto de terça a domingo, das 9h às 16h30. Ingresso: R$ 2,50 e R$ 6.

 

Consultoria do professor Antonio Domingos Brescovit, pesquisador científico e especialista em aranhas do Instituto Butantan.

 

Ana Luiza Belloti Dias, 8 anos, de Ribeirão Pires, é fã de aranhas, além de histórias de bruxas e monstros. Até viu uma caranguejeira (grande e com o corpo revestido por pelinhos) no zoológico e não teve um pingo de medo. Mas sabe o que realmente deixa a menina assustada? "Borboleta e mariposa. Quando uma aparece, grito muito para ir embora."




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