O servente de pedreiro Samuel dos Santos Murja, 20 anos, foi preso quinta-feira em Mauá acusado de matar uma pessoa e balear outras seis, no último dia 15, em dois locais diferentes: durante um festival de futebol de várzea no Jardim Itapeva, em Mauá, e perto da casa dele, no mesmo bairro.

Corintiano fanático, Murja confessou em entrevista que queria se vingar de palmeirenses que brigaram com ele um ano atrás, em Ribeirão Pires por discussões fúteis envolvendo a rivalidade entre as duas torcidas. Na ocasião, o assassino confesso apanhou mais do que bateu. O pior da história é que, por vingança, Murja acabou matando por engano, perto de sua casa, um cozinheiro que não tinha nada a ver com o caso. Antes de atirar, achou que a vítima fosse outra pessoa.

A primeira briga envolveu o grupo de Murja, formado por jogadores de futebol de várzea do Clube Atlético Itapeva, de Mauá, e o Esporte Clube Santa Luzia, de Ribeirão Pires.

“Um ano atrás, a gente estava num bar no Centro de Ribeirão Pires e um palmeirense do time do Santa Luzia começou a zoar comigo, que vestia a camisa do Corinthians. Aí todo mundo começou a brigar e foi uma confusão total. Apanhei mais do que bati nos outros”, disse o servente.

No feriado do último dia 15, Murja resolveu se vingar. O festival de futebol realizado no campo do Jardim Itapeva reuniu diversos times, inclusive o do Santa Luzia.

Após os jogos, houve confraternização com churrasco, chope e pagode. Durante a festa, um amigo de Murja, que estava tocando tan-tan no grupo de pagode, telefonou para ele e avisou que os desafetos do Santa Luzia estavam por lá.

Murja, ao ouvir o recado do amigo, foi direto para a confraternização com um revólver calibre 38 e uma pistola semi-automática calibre 22.

O ambiente era ocupado por aproximadamente 50 pessoas. Quando Murja chegou ao local, sacou o revólver e passou a atirar para todos os lados. Ele queria acertar, especialmente, um rapaz que havia lhe agredido há um ano. Não conseguiu acertar o alvo, mas baleou quatro pessoas, três delas sem gravidade. Elson Moura do Nascimento, 23 anos, teve um ferimento mais profundo na barriga e ainda está internado no Hospital Nardini. No entanto, não corre risco de morte.

No tumulto, Murja e um grupo de amigos saíram do campo e correram atrás de rivais, mas não os alcançaram. No trajeto, perto da casa do servente, Murja viu o cozinheiro Márcio Roberto de Souza, 24 anos, e outro rapaz perto de um orelhão. O servente pensou que ambos fossem do grupo rival e que estivessem armando uma tocaia para matá-lo. Antes de ter certeza, atirou contra os dois. Somente o outro era desafeto. O cozinheiro morreu no local.