Política Titulo Caso Semasa
Extorquidas têm
licença após denúncia

Três empreendimentos conseguiram liberação
no Semasa depois de o Diário publicar esquema

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
07/04/2012 | 07:28
Compartilhar notícia


As empresas supostamente extorquidas no eventual esquema de venda de licença ambiental do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) conseguiram a liberação prévia do documento. Os quatro empreendimentos mencionados em depoimento pelo ex-diretor de Gestão Ambiental da autarquia Roberto Tokuzumi obtiveram parecer da superintendência, sendo três após a denúncia do Diário, no dia 4 de março. O fato corrobora com declarações feitas pelo denunciante de que o ‘desembaraço' do processo era feito mediante pagamento.

A autorização para alvará de construção da construtora Fratta, inclusive, foi concedida após questionamentos da reportagem ao Semasa no dia 2 de março. Tokuzumi relata ter ouvido da representante da construtora, Rosa Ramos, que o advogado Calixto Antônio Júnior, considerado na ação como um dos mentores do esquema, pediu R$ 350 mil para a liberação.

O suposto sistema, de acordo com a representação, consistia em paralisar a liberação da assinatura do superintendente da autarquia, Ângelo Pavin (PMDB), última etapa para obtenção da licença. Na denúncia, o superintendente adjunto, Dovilio Ferrari Filho, participa da fraude junto com Eugênio Voltarelli Júnior e Calixto, que procurava as empresas que aguardavam o documento.

Para Tokuzumi, a paralisação da assinatura é a principal chave do esquema. "Eles ordenavam segurar o processo para negociar o valor com as empresas. Tive a certeza (de extorsão) quando contatei os empresários", assegurou o ex-diretor, exonerado dia 15.

A empresa Zenit é outra citada que teve andamento no processo após quatro meses estacionado. O denunciante declarou que Ronaldo Pereira, que representava os interesses do empreendimento Varsóvia foi achacado por Calixto. "Foi lhe exigido quantia alta. Eles acharam um absurdo, mas o dono resolveu enviar R$ 50 mil." Segundo informações, a quantia requerida era de R$ 400 mil.

Segundo Tokuzumi, cliente de Luiz de Gasperi, proprietário de escritório de licença ambiental, foi contatado por Calixto para tratar sobre a liberação e, após o pagamento, o processo foi agilizado.

"Ele (Gasperi) me confirmou a cobrança. Só não perguntei o valor pedido." Curiosamente, depois das denúncias, oito dos 18 processos saíram da mesa da superintendência, com aval para a emissão do documento. "Agora, eles (a direção) irão alegar que tinha problema técnico. Prova disso, é que abriram sindicância para apurar exatamente isso no dia seguinte à denúncia. Esses procedimentos são todos manipulados."

Tokuzumi conta que analisou profundamente o processo da construtora Estate Plan e deferiu a licença, encaminhando para assinatura do superintendente, que, segundo ele, demora em média de três a quatro dias para a entrega ao interessado. "A partir desse pedido foi avisado (na sala do Dovilio) que toda licença somente seria liberada com pagamento de contribuição."




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;