Economia Titulo Cenário
Queda de juros no País
deve levar seis meses

A tendência é que o custo médio do crédito para os
consumidores caia pela metade em várias modalidades

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
07/04/2012 | 07:28
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O mercado financeiro está próximo de uma mudança em relação aos juros. Mesmo com taxas que ainda não chegam perto dos países mais desenvolvidos, a tendência é que o custo médio do crédito para os consumidores caia, ao menos, pela metade em várias modalidades.

Essa mudança deve levar, no mínimo, seis meses. Esse será o prazo para que as instituições financeiras privadas avaliem como se comportará a demanda por crédito após o corte drástico nos preços dos empréstimos para famílias correntistas dos bancos públicos.

O Banco do Brasil anunciou reduções nas taxas de juros do rotativo do cartão de crédito e do cheque especial, ambos para 3% ao mês. O corte de, aproximadamente, 75% será apenas para clientes que recebem salário pela instituição e que aderirem cestas de serviços específicas.

O BB também deixou a taxa do financiamento de veículo entre as mais baixas do mercado, passando na frente dos bancos das montadoras, que trabalham só com esse tipo de crédito e têm taxas menores.

Na segunda-feira, o presidente da Caixa Econômica Federal anunciará medida parecida. No entanto, algumas taxas serão mais agressivas do que as que o Banco do Brasil oferecerá à partir do dia 12.

Com a força dos dois gigantes, o governo federal tenta empurrar para baixo os juros dos bancos privados, principalmente do Bradesco, Itaú e Santander, donos da maior parte do mercado de varejo atendida pelo setor privado.

O professor do curso de pós-graduação intensivo de Finanças da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) Márcio Torres diz que o governo está determinado. "Uma coisa é clara. O governo está usando os bancos para sinalizar para o mercado o que ele está querendo."

E quem fechar os olhos para isso pode sofrer com prejuízo no futuro. "Os dois estão usando a mesma política e se os privados não acompanharem, vão perder mercado", avalia o professor de Economia Antonio Carlos Alves dos Santos, que ministra aulas na PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).

Torres destaca que é cedo para realizar previsões sobre o comportamento do mercado financeiro. "Em menos de seis meses a coisa não acontece", argumenta.

Santos acrescenta mais um obstáculo que o setor bancário privado enfrentará para elaborar estratégias e acompanhar as mudanças feiras pela Caixa e BB. "A inadimplência é bem menor no setor público. Então é difícil prever qual será a política adotada pelos privados."

A inadimplência, atrasos nos pagamentos dos empréstimos por mais de 90 dias, é um dos fatores que mais contribuem para os bancos precificarem o crédito, ou seja, calcular os juros da operação.

Torres salienta que para que o ciclo de redução de juros atinja todo o mercado financeiro será necessário estímulo intensivo em educação financeira. "Justamente essa não-educação financeira que está fazendo com que a inadimplência suba", observou, destacando que as pessoas se endividam demais por falta de conhecimento no assunto.

O especialista em finanças pessoais da MoneyFit André Massaro critica a busca morna por educação financeira do consumidor. "O brasileiro é um povo tão antenado sobre as novidades, está por dentro de tudo que acontece, mas poucos são aqueles que se preocupam com as taxas de juros que pagam."

JUROS - Os bancos públicos traçaram as reduções nos juros para acompanhar o momento em que o governo quer fomentar a economia interna para segurar os impactos da crise internacional. Mas as taxas menores estão bem distantes da Selic (base dos juros no País) que está em 9,75% ao ano. O financiamento de veículos do BB, com o mínimo que será cobrado com a redução, sairá por 12,5% ao ano, 2,75 pontos percentuais acima da Selic atual.

Nos Estados Unidos, por exemplo, a taxa básica de juros está em 0,25% ao ano. No Japão e no Canadá, respectivamente, 0,10% e 1% ao ano. E na China, mais próxima ao Brasil, o percentual ainda é mais baixo, de 6,56% ao ano.

 

 




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