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Ex-diretor do Grupo OK pode esclarecer esquema
Por Do Diário do Grande ABC
22/07/2000 | 00:17
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O administrador de empresas Raimundo José Ribeiro Mattos, ex-diretor-geral do Grupo OK Empreendimentos Imobiliários, pode levar o Ministério Público Federal a "desvendar todo o esquema" de supostas irregularidades no Fórum Trabalhista de Sao Paulo.

A informaçao foi dada nesta sexta-feira à Procuradoria da República pelo engenheiro Roberto Cláudio Jorge Moreira Rivera, gerente de obras do Grupo OK entre 1992 e 1993. "Ele (Mattos) pode dar mais provas", disse.

Rivera acusou o senador cassado Luiz Estevao de ter transferido materiais de construçao de uma obra no bairro do Brooklin, Zona Sul da capital, para o fórum. Ele foi ouvido pelo procurador da República José Ricardo Meirelles, que conduz as investigaçoes sobre o desvio de R$ 169 milhoes destinados à construçao do prédio que deveria abrigar 112 Varas do Trabalho.

Raimundo Mattos deverá ser convocado pelo MPF para depor. Ele aparece como beneficiário de uma ordem bancária emitida pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) em favor da Construtora Ikal responsável pela obra do fórum. Rastreamento promovido pelo Banco Central indica que, em 2 de setembro de 1994, foram depositados R$ 180 mil (valor nao atualizado) em uma conta de Mattos - número 31.394-5 - no Banco Safra. Segundo o MPF, o dinheiro pode ter sido desviado dos recursos do fórum.

Segundo Rivera, "em agosto ou setembro de 1992" - quando o OK tocava a construçao de prédios da Basf - comentava-se na empresa de Estevao sobre uma obra na Barra Funda. "Eu só sabia que a obra era na Avenida Marquês de Sao Vicente depois que associei ao tribunal ", contou. Um dia, Raimundo Mattos teria dito: "Acabando a obra da Basf a gente vai para a Barra Funda."

Rivera afirmou que em 24 de agosto de 1994 "todo o material, incluindo painéis, chapas de forro, telhas e portas", foi transferido do empreendimento imobiliário que o OK executava no Brooklin (construçao de 8 torres residenciais com 500 apartamentos) para o canteiro da Barra Funda.

O engenheiro sustentou que "tudo foi utilizado para ampliar as instalaçoes onde ficavam os operários do fórum".

O relato de Rivera reforça suspeita da Procuradoria da República sobre a participaçao de Estevao na "licitaçao fraudulenta" que teria sido promovida pelo TRT. Documento apreendido pela Polícia Federal em maio mostra que o senador cassado adquiriu 90% das açoes da Incal Incorporaçoes - controladora da Ikal - em 21 de fevereiro de 1992. Rivera disse ter questionado a transferência de materiais para a Barra Funda. Disseram a ele: "O Luiz Estevao é dono da Incal."

Um detalhe que intriga a Procuradoria da República é o fato de que Estevao foi à sede da Incal no mesmo dia em que foi realizada a licitaçao do Fórum Trabalhista. O presidente do Grupo OK chegou ao prédio da Rua 7 de Abril, centro de Sao Paulo às 10h25.

As 15h, foram abertos no TRT os envelopes das empresas concorrentes - Consórcio OK/Augusto Veloso e Incal. O livro de visitas da entrada do edifício mostra que o ex-senador estava acompanhado de Raimundo Mattos.

O ex-diretor do Grupo OK em Sao Paulo nao foi localizado para falar sobre o fórum. Estevao disse que as acusaçoes do engenheiro Rivera "sao ridículas, uma palhaçada".




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