A greve de 1º de abril de 1980 completa 35 anos hoje. A paralisação sindical, que teve duração de 41 dias, começou no Grande ABC e pouco tempo depois se expandiu por todos os Estados do Brasil. O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT), então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, foi preso pelo Dops (Departamento de Ordem Política e Social) 18 dias depois, em movimento que intensificou o combate à ditadura militar.

A paralisação foi a terceira grande manifestação do operariado local. Em 1978, funcionários da Scania cruzaram os braços. Um ano depois, houve a paralisação geral. Dos três movimentos, o de 1980 foi o mais politizado e hoje é considerada decisivo para o questionamento do regime militar, que se encerraria cinco anos depois.

Um mês após início da greve geral, sindicalistas liderados por Lula se reuniram no Estádio da Vila Euclides, em São Bernardo. Cerca de 100 mil trabalhadores fizeram circuito entre Igreja Matriz e estádio – hoje rebatizado de 1º de Maio – para contestar a política vigente.

O repórter e historiador Ademir Medici fez a cobertura da greve pelo Diário desde as primeiras reuniões preparatórias, ainda em 1979. Ele conta que alguns outros fatos marcaram as paralisações. “Os voos rasantes de helicópteros do Exército sobre as cabeças dos trabalhadores no Estádio de Vila Euclides e os funcionários que vinham pela Rua Marechal Deodoro, contornaram o Paço e dirigiam-se ao Estádio da Vila Euclides, no 1º de maio. Nunca vi tanta gente...”, relembra Medici.