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Setor de caminhões subsidia taxas
Por Leone Farias
do Diário do Grande ABC
13/03/2011 | 07:00
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O mercado de caminhões foi pego de surpresa no fim de fevereiro com a suspensão de linhas especiais de crédito oferecidas pelo BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) e teve de se mexer, oferecendo, em alguns casos, taxas subsidiadas aos clientes.

O objetivo foi tentar manter as vendas aquecidas, enquanto não chega a nova linha Finame (Financiamento de Máquinas e Equipamentos) PSI (Programa de Sustentação do Investimento) do banco do governo, com juros mais elevados, que vai vigorar de 1º de abril até 31 de dezembro. No primeiro bimestre, o setor contabiliza crescimento de 41,6% nas vendas frente a igual período de 2010.

A expectativa com o PSI-3, como a versão está sendo chamada, é de continuidade do ritmo forte, embora haja muitas dúvidas sobre as novas linhas de crédito. O BNDES, apesar de divulgar algumas informações, como as novas taxas - que vão passar de 8% para 10% ao ano no caso da linha de crédito para empresas e subirá de 4,5% para 7% ao ano, no caso dos autônomos - ainda não passou circular oficial às fabricantes para transmitir detalhes das operações.

Fabricantes e revendedores esperam, por exemplo, definições como o spread (a margem de lucro dos bancos comerciais para a oferta do crédito) e o percentual de entrada. Antes, os veículos eram 100% financiados, mas a partir de abril, a expectativa é de que o financiamento seja de 70% para grandes empresas e 90% para pequenas e médias.

PROCURA - A interrupção do programa na versão que valeria até fim de março levou a uma corrida do mercado para convencer clientes a utilizar o antigo Finame com TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), que já existia e permanecia ativo, embora fosse menos vantajosa. Esse último, por exemplo, tem taxa variável, enquanto a do outro era fixa.

O gerente de vendas Maurício Miranda, da rede Codema (autorizada Scania), explica que a diferença é pequena. A linha com TJLP está em 10,20% ao ano. Mesmo assim, em caso de compras grandes - por exemplo, troca de frotas - há clientes que preferem aguardar pelas novas condições.

Para o diretor de vendas da Mercedes-Benz, Gilson Mansur, foi possível escoar a demanda e, apesar da ansiedade gerada pela mudança, este mês deverá se manter forte. A Mercedes-Benz tem oferecido a linha com TJLP, mas, por meio de subsídio de seu banco, equiparou os juros aos que eram praticados pelo PSI (0,64% ao mês).

A fabricante Iveco também se movimentou e oferece taxa de 0,67% - subsidiada pela financeira da companhia. O diretor da rede, Iveco Vetelli Teodoro da Silva, afirma que a iniciativa permitirá um certo equilíbrio nas vendas neste mês.

 Transportadoras preveem vendas 15% maiores

Para representantes das transportadoras da região, a demanda por fretes segue aquecida e a interrupção da linha de crédito do BNDES, em julho, não deve afetar o segmento.

Para o presidente do Setrans (Sindicato das Empresas de Transporte de Carga do Grande ABC), Salum Kalil Neto, muitos empresários que buscavam a renovação ou ampliação da frota já o fizeram no ano passado.

Ele projeta crescimento de 10% a 15% no faturamento das empresas do mercado em 2011 frente ao ano passado, como reflexo da economia ainda favorável à atividade.

O dirigente observa que a linha com TJLP é bem melhor que outras existentes no mercado financeiro. Mas ele destaca a importância de programas de incentivo, como o PSI, sobretudo para a troca de veículos por outros mais modernos e menos poluentes.

A partir de abril, linha será menos atraente

Concessionárias e fabricantes têm críticas em relação a alguns pontos previstos na nova linha do BNDES que entra em vigor em abril, embora mantenham o otimismo para as vendas do setor.

O gerente comercial Antonio Pascual, da rede Apta Caminhões, assinala que o percentual de entrada de 10% para pequenas empresas deve atrapalhar. "Nem todo mundo tem 10%", avalia.

O diretor de vendas Mansur não vê motivos de preocupação em relação ao cenário de vendas, mas avalia que a exigência de 30% de entrada para grandes companhias, se for confirmada, é alta.

A companhia, nos dois primeiros meses do ano, se destacou. Contabilizou alta de 51% nas vendas. Um dos impulsos veio da área de pesados, em que teve expansão ainda mais expressiva: 107%, com a comercialização para área de mineração e cana-de-açúcar, por exemplo.

Por sua vez, o diretor de operações de caminhões da Ford, Oswaldo Jardim, também mantém otimismo e acredita que a indústria chegará a 170 mil unidades vendidas em 2011, 12% mais que em 2010. A Ford teve crescimento de 39% no primeiro bimestre, sobretudo por vendas de caminhões para entregas urbanas e para o ramo da construção civil. Pelo atendimento a essa atividade, o diretor geral da rede Ford Souza Ramos, Uilson Chacon Campana, acredita que há bom potencial de vendas, em razão das obras da Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016.

 

 




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