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Carnaval: após erguerem juntos a taça de campeã,
presidentes da região trocam acusações de plágio
Illenia Negrin
Luciana Sereno
Do Diário do Grande ABC
12/02/2005 | 13:50
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Eles ergueram juntos a taça de campeã do Carnaval de Santo André. Compartilharam fantasias, alegorias, adereços e samba-enredo. Nas passarelas do samba de Santo André e São Bernardo, as agremiações Seci e Acadêmicos do Taí cantaram a uma só voz o refrão: "Mostra a sua cara/não deixe me enganar/ Deixe cair a máscara/ vem pra cá". Agora, poucos dias após os desfiles, Edvaldo Jatobá de Lima, presidente da Seci, e Edézio Lima, presidente da Taí, se degladiam e trocam acusações de plágio.

"Fizemos acordo sim. Juntamos as verbas (R$ 21 mil de Santo André e R$ 32 mil de São Bernardo) para fazer um único Carnaval. Esse tipo de acerto não tem impedimento previsto nos regulamentos das duas cidades e é prática comum. Em São Bernardo, por exemplo, a maioria das escolas desfila com enxertos vindos de grandes agremiações de São Paulo", defende-se o presidente da Taí, que afirma ter notas fiscais para justificar os gastos junto à administração municipal.

O presidente da agremiação de Santo André é mais reticente ao comentar o acordo de cavalheiros firmado com a escola de samba de São Bernardo. Nesta sexta, pela primeira vez, Edvaldo Jatobá de Lima se pronunciou sobre a realização do desfile gêmeo. O sambista confirmou ter vendido as fantasias e os carros alegóricos para a escola de São Bernardo por R$ 6 mil, mas negou que o samba-enredo estivesse incluso no acerto. "O samba eles roubaram. O presidente (Lima) vivia nos nossos ensaios."

O presidente da Seci continua disparando alfinetadas. Garante que Lima agiu de má-fé e que não recebeu um tostão além dos R$ 6 mil. "Não teve junção de verba alguma. Ele (Lima) está mentindo. Tenho como provar tudo o que gastei." Jatobá se escora no regulamento da Uesa (União das Escolas de Samba de Santo André) para se livrar de qualquer punição. "Levei um desfile inédito para a Firestone. É permitido vender fantasias. Precisava terminar meus carros alegóricos e vendi. Se não vendesse, ia queimar as fantasias depois do Carnaval, porque nem quadra a gente tem para guardar."

A clonagem do samba pode render à campeã de Santo André a suspensão do título. O agravante é que a Taí, de São Bernardo, registrou a canção junto à organização do Carnaval da cidade 14 dias antes dos autores oficiais regularizarem a letra junto à Prefeitura de Santo André. Na noite de ontem, a Uesa realizaria uma reunião para discutir o futuro da Seci e prováveis punições.

Em São Bernardo, por ora, a Taí, que ficou em quarto lugar da elite do Carnaval em 2005, não deve sofrer sanções, segundo informa a Federação das Escolas de Samba da cidade. A decisão foi resultado de uma reunião entre os presidentes das demais agremiações da cidade, realizada anteontem.




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