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Espera nos distritos da
região chega a 4 horas
Por Willian Novaes
Do Diário do Grande ABC
10/04/2011 | 07:00
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Ser assaltado, furtado ou ameaçado é um problema e uma dor de cabeça absurda. Imagine se a vítima precisar aguardar quatro horas para ser atendida em um DP (Distrito Policial). Essa é a situação de quem necessita fazer um boletim de ocorrência à noite ou nos fins de semana no Grande ABC.

O lugar mais trágico de se buscar ajuda em Santo André é no 1º DP. O local registrou no ano passado cerca de 10 mil boletins de ocorrência, apenas nos plantões. As pessoas que precisarem ir até lá, provavelmente vão perder algumas horas da noite ou dos fins de semana e feriados. Mesmo com reforço de policiais civis do 4º DP, a situação não melhorou. Na verdade, piorou em outro distrito policial da cidade, o 2º.

Os funcionários do 2º DP, nos últimos meses, têm atendido o dobro das ocorrências. Eles, que já recebiam casos do 4º e 5º DPs, ganharam mais uma área para atuar. "É um inferno, tem dias que registramos mais de 40 casos", disse um policial, que preferiu não se identificar.

Segundo o delegado seccional de Santo Andre, José Erminio Pescarmona, a população não será prejudicada, porque há cinco equipes completas no 1º DP, com três escrivães em cada grupo. Não é o que diz a atendente Michelle Saú da Silva, 23 anos, que esperava por mais de duas horas para registrar um problema de documentos na compra do seu carro. "Estamos aqui há quase três horas e nada de me chamarem", disse a moça.

A Polícia Civil informou à equipe do Diário que o 4º DP estava fechado nos plantões porque os policiais estavam na Operação Verão, no Litoral. A reportagem obteve informações que o problema é outro. Em 2010, sete delegados pediram exoneração e outro morreu. Essas posições não foram recolocadas até o momento.

"Não tem jeito, a função de delegado está sendo um trampolim para outras áreas, como a Promotoria e Defensoria, além da carreira na magistratura. Está havendo uma desilusão entre os colegas", disse um delegado experiente, que pediu para não ser identificado.

Em Mauá, a situação é parecida. Um plantonista descreveu o local como um pronto-socorro. "Como pode uma cidade com mais de 400 mil habitantes ter apenas uma delegacia aberta à noite. Todo dia tem filas e gente reclamando. Por isso que não param delegados aqui", disse. No ano passado, foram registrados cerca de 12 mil casos - 1.000 por mês.

O campeão de preenchimento de ocorrências é o 1º DP de São Bernardo. Em 2010, foram realizadas 15.380. Não para. Em duas horas e meia, na quinta-feira, já tinham passado 13 casos, e a noite ainda estava no começo. "Não sei o que acontece, aqui parece para-raios de louco e coisa ruim. Todo santo dia é a mesma coisa. O estranho é que ninguém vê isso", reclamou um policial, que pediu para não ser identificado.

DP de Santo André é avaliado como o mais problemático

 O 1º DP de Santo André carrega um troféu nada desejável, conforme avaliação de policiais e da população: é o mais lento e problemático da região. Um boletim de ocorrência de assalto pode demorar inacreditáveis quatro horas para ficar pronto.

A equipe do Diário acompanhou por um período, na última semana, como é o expediente. Já na chegada foi desolador: pessoas aguardavam o momento do atendimento do lado de fora. Nos bancos de concreto do DP não havia lugar. Um jovem estava quase deitado nas escadarias devido o cansaço da espera.

"Não tem jeito, todo dia é um inferno. Enquanto não melhorar as condições de trabalho, com a contratação de profissionais e o aumento de salários, a população vai pagar", comentou um policial civil, que pediu para não ser identificado.

Para o ajudante geral Diogo Chagas, 18 anos, que foi assaltado e teve a carteira e o celular levados por um homem no Centro de Santo André, era uma complicação ficar tanto tempo esperando. "Pô, fui assaltado, estou nervoso e cansado do trabalho e ainda tenho de esperar mais de duas horas para ser atendido", afirmou.

Tanta reclamação tem uma explicação: o 1º DP, nos plantões noturnos e fins de semana, recebe as ocorrências das áreas do 3º e 6º. "Aqui já é uma área com alta criminalidade, por ser a região central, e ainda precisamos atender outras mais complicadas, como a Vila Luzita e o Jardim Santo André. Assim não tem jeito", disse um profissional, que pediu anonimato, com medo de retaliações.




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