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Caçada ao 1º emprego
Por Por Marcela Munhoz
25/04/2010 | 07:00
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O que você faz quando não está na escola? Dorme, ouve música, pratica esportes, joga videogame, vê a vida passar? Tem gente que vai além e começa a se preparar para o futuro profissional. No Brasil, a Lei do Aprendiz (10.097/2000) obriga as empresas a cederem espaço para os adolescentes. Quem tem de 14 a 24 anos pode participar e, o melhor, é com Carteira assinada.

Mas por onde começar se é exigido experiência e não deu tempo de ter nenhuma? Há Ongs que ensinam, por meio de cursos (administrativos, de informática, entre outros), tudo o que é preciso saber para se dar bem no primeiro trampo e ainda indicam os candidados às vagas em empresas. Em geral, precisa fazer prova e estudar em escola pública.

Uma delas é a Clasa (Casa Lions da Adolescente de Santo André), que prepara meninas para o mercado de trabalho. Juliana Flor, 17 anos, estaria morando em Pernambuco com os pais se não tivesse insistido. "Minha vida realmente mudou. Aprendi a lidar com pessoas, ter responsabilidade e ganhar meu dinheirinho (pela lei, um salário mínimo)", conta a menina, que já trabalhou em uma transportadora e agora é aprendiz na própria Clasa.

Tais Pardinho, 18, trabalha desde os 14 e acredita que teria dificuldade para conseguir emprego se não tivesse se preparado. "O mercado é concorrido e já conquistei meu espaço. É preciso se sacrificar, mas se for organizado dá tempo para se divertir. E o melhor: sem precisar pedir dinheiro para ninguém."

Quando o contrato de aprendiz acaba fica a dúvida se vai rolar contratação ou não. Segundo Luiz Gustavo Coppola, superintendente do Estado de São Paulo da CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola), 65% dos estudantes que começam como aprendizes são efetivados logo no primeiro emprego. "É mais fácil para a empresa admitir um jovem que já conhece o trabalho, do que pegar alguém de fora."

O QUE ESCOLHER? - Ser aprendiz também pode facilitar a escolha do curso a ser feito após o Ensino Médio. Dependendo da empresa, é possível se indentificar com o que está fazendo a ponto de querer se especializar. É o que pretende Paulo Henrique Santos, 17.

O garoto ingressou no Camp (Centro de Formação e Integração Social) de São Bernardo e curtiu a área de Tecnologia da Informação. "Antes de entrar aqui, não sabia o que fazer. Agora, além de ter definido a faculdade, aprendi a falar direito e a me comportar em uma empresa. Estou seguro", diz o garoto, que tem como exemplo seu chefe, Anderson Neves, 19, que também começou como aprendiz. "Mostrei meu valor, me sinto orgulhoso", diz.

Tem de mandar bem na escola

Está na lei: o aprendiz precisa frequentar a escola, o prazo de contrato não pode ser superior a dois anos e deve trabalhar até seis horas diárias (podendo chegar a 8 horas, desde que o aprendiz tenha completado o Fundamental, e se forem inseridas as horas destinadas à aprendizagem teórica). "A regra é que o trabalho não interfira nos estudos nem no lazer. De resto, só traz benefícios", afirma Carmem Lucia Arruda Rittner, professora de Psicologia Organizacional da PUC. Segundo ela, a experiência aproxima o jovem da realidade do sistema de trabalho, cria identidade profissional, o torna autossuficiente, além de ensinar a controlar as expectativas (como promoção) ou as frustrações (demissão).

Se dependesse dela, Juliana Sousa, 20, teria começado mais cedo. "Meu pai não deixou porque achou que ia atrapalhar a escola. Mas, hoje ele diz que se arrepende", conta a garota, que se diz preparada para enfrentar o mercado de trabalho. "Sempre corri atrás do que queria."

Basta uma oportunidade

"Sempre quis trabalhar, mas não conseguia porque não tinha experiência", lembra Juliana da Silva, 21, que foi aprendiz e agora é contratada pelo Camp. Mas é preciso persistência, segundo Dimas Corrêa, gerente de desenvolvimento institucional da Ong de São Bernardo. "As empresas buscam jovens com vontade de aprender, responsáveis, prestativos e pontuais. Para alguns, basta só uma oportunidade para provar do que são capazes."

Foi o que fez Cinthia Luz, 17, de Mauá, quando surgiu a chance de subir de cargo no McDonald's. "Fiquei feliz e agarrei a oportunidade com unhas e dentes", diz. Agora ela treina novos funcionários, como Geisa Silva, 16. "Mesmo minha mãe me dando tudo, quis trabalhar para ter independência. Está corrido, mas vou conseguir."

A empresa em que Cinthia e Geisa trabalham é conhecida por contratar jovens. Segundo Susana Schaustz, gerente do centro de recrutamento da rede de fast food, eles preferem os mais novos por serem mais versáteis, dinâmicos e com iniciativa. "Depois de contratados, eles têm plano de carreira. Se se esforçarem, podem ser promovidos", explica a gerente, que avisa: "Sempre temos vagas abertas".

Fique ligado

A primeira impressão é a que fica. A frase deve ser lembrada quando se vai participar de uma entrevista de emprego. Confira as dicas dos especialistas:

- Escolha roupa discreta, sem cores fortes nem que mostre muitas partes do corpo. Evite usar piercing e mostrar a tatuagem.

- Saiba bem quais são seus objetivos, pontos fortes e pontos fracos.

- Pesquise o máximo de informações sobre a empresa.

- Leve o currículo impresso.

- Chegue no horário ou, se puder, com 15 minutos de antecedência.

- Tente manter a calma.

- Olhe nos olhos do entrevistador.

- Procure agir com naturalidade e fale a verdade.

- Deixe o celular desligado.

- Se tiver dúvidas sobre o cargo ou a empresa, não tenha vergonha de perguntar, inclusive se há previsão para fechar a vaga.

- Confie em você.

Sites úteis

CIEE - Para meninos e meninas, a partir do 2º ano do Ensino Médio. Não há perfil específico. As inscrições ficam permanentemente abertas. Anote os telefones das unidades: Santo André (4435-5444), São Bernardo (4126-9191), São Caetano (posto na Rua Pará, 80), Diadema (4051-2123). Informações: www.ceiee.org.br

Clasa - Para meninas, a partir de 15 anos. É preciso cursar o Ensino Médio em escola pública e morar, preferencialmente, em Santo André. As inscrições acontecem no início de dezembro. Informações: www.clasa.org.br e 4990-7932.

Camp - Para meninos e meninas, a partir de 15 anos. Precisa cursar Ensino Médio em escola pública. As inscrições ficam permanentemente abertas. Informações: www.campsbc.org.br e 4344-2300.

McDonald's - Para meninos e meninas, a partir de 14 anos. Deve estar no Ensino Médio. É preciso comparecer ao Centro de Recrutamento (Avenida Ipiranga, 367, São Paulo). Informações: www.mcdonalds.com.br




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