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Sexta-Feira, 19 de Abril de 2024

Festa da luz. Que luz?
Dom Pedro Carlos Cipollini
24/12/2018 | 07:00
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 O Natal é sempre uma festa iluminada. Sem luzes não há Natal porque o Natal é tudo, menos escuridão, solidão. Mas o que celebramos? Natal, do latim nativitas = nascimento é a festa que, na liturgia da Igreja Católica, celebra o nascimento de Jesus de Nazaré, o Filho de Deus que se fez homem. Mistério de fé, profundo e abrangente: Deus se fez homem, para que o homem possa ser elevado à dignidade de filho de Deus.

Estamos em meio a um ‘tsunami’ de dúvidas em relação a esta fé. Dúvidas não raro que se tornam descrença e partem para a indiferença. Jesus o Filho de Deus nasceu? O que importa isso, dado que a fé em Deus na nossa realidade secularizada é possível, mas não necessária? Na perspectiva do raciocínio do filósofo E. Kant, muitos hoje estão convencidos de que é preciso que nos persuadamos da existência de Deus, mas não é igualmente necessário que demonstremos isso.

Pois é, no entanto, o Natal é a festa da luz, o próprio Jesus de quem comemoramos o nascimento dirá: “Eu sou a luz do mundo”. O Natal, ao comemorar o nascimento de Jesus, não pode ser uma festa como outras, é a festa da luz. E o comemoram os filhos da luz.

A celebração do Natal se dá a 25 de dezembro e remonta ao ano 336. Não temos conhecimento exato do dia em que nasceu Jesus. Na sua época não era costume comemorar data de nascimento das pessoas, por isso não se guardavam estas datas. O Natal começou a ser celebrado neste dia, para indicar que Jesus é o Sol, a luz do mundo que vence as trevas e traz vida. Isso porque nesta data se comemorava o deus Sol: “Invictus Sol iustitiae” (Sol da justiça, vencedor). Era festa pagã, do solstício de inverno no Hemisfério Norte, ou seja, o dia em que o Sol fica mais ‘fraco’ para começar a ficar mais ‘forte’ em seguida. Esta festa pagã foi substituída pela festa do Natal.

Ao comemorar o nascimento de Jesus nesta data, os cristãos queriam fazer uma analogia. Com Jesus surgiu para a humanidade, a verdadeira luz, mais brilhante que o Sol, o qual vence a noite e ressurge glorioso no céu com mais força. Assim Jesus morreu na cruz, prefigurada pela madeira da manjedoura, mas venceu a noite da morte e, vencedor, reina vivo! Por isso o Natal é festa associada à luz!

Natal é festa do Deus conosco, mas é muito mais festa do amor de Deus, que veio até nós para nos salvar e demonstrar o quanto somos valiosos para Ele. Cada um de nós deve se sentir amado por Deus, porque Jesus nasce para todos, mas para cada pessoa, que faz parte deste todo que é a humanidade. Mas Jesus veio nos salvar de quê? De nós mesmos, de nosso egoísmo, que traz a este mundo as trevas do pecado, do ódio, da violência e da morte.

O Natal é a festa da luz que jamais se apagará. A festa da luz que dissipa as trevas que começam no coração do ser humano. A celebração do Natal deve ser permeada por um sentimento de profunda gratidão a Deus pelo seu amor: “Tanto amou o mundo que enviou seu Filho para nos salvar” (Jo 3,16).

Assim, o Natal, que é festa da luz, da vida e do amor manifestados no menino-Deus, sempre nos convida a nos comovermos diante do presépio. Deixar nossos olhos se iluminarem pela alegria. Deixar nosso coração viver o amor. E aqui, lembro-me de um comentário sobre F. Nietsche, o filósofo do ateísmo moderno, que morreu louco.

Concluindo sua reflexão sobre este pensador tão ao gosto de nossa época, escreveu G. K. Chesterton: “Todos os homens que não passam por um amolecimento do coração devem no mínimo passar pelo amolecimento do cérebro” (in Ortodoxia cap. III).

Um Feliz Natal a todos!




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