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'Bad Boy' aposta em roteiro adulto
Luís Felipe Soares
Do Diário do Grande ABC
08/02/2010 | 07:08
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Acaba de chegar às lojas uma nova edição de Bad Boy (Devir Livraria, R$ 23, 48 páginas). A publicação conta com roteiro de Frank Miller (da série Sin City e o popular Os 300 de Esparta) e as ilustrações ficam por conta de Simon Bisley (Halo: The Graphic Novel).

A HQ tem como protagonista o pequeno Jason, que em muito lembra os traços do boneco Chuck, conhecido por sua participação na cinessérie Brinquedo Assassino. Ele se encontra em uma realidade completamente estranha. Seus pais são atores que ele desconhece, macabros seres que misturam esqueletos e robôs cibernéticos o perseguem e o adorável gato Adolf lhe dá conselhos. Jason não sabe por que está ali, mas sua única certeza - além de querer um cigarro - é de que tudo ao seu redor está errado. Como ele próprio diz: "Eu não sei nada".

Os acontecimentos se desenrolam a partir do que parece ser uma de suas inúmeras tentativas de fuga desse mundo denominado Sacred Oaks, local livre de tudo que há de errado no restante do planeta. Na medida em que enfrenta problemas, o desbocado garotinho encontra forças na lembrança de sua amiguinha Rachel.

Apesar do personagem ser uma criança, Bad Boy não apresenta um roteiro infantil. A linguagem repleta de palavrões e cenas de violência - incluindo a agressão de um dos pais quanto a Jason - fazem jus ao material esperado pelo título sugestivo criado por Miller.

O autor faz dos questionamentos psicológicos do menino uma forma de análise da possibilidade dos problemas da sociedade serem resolvidos por meio de interferências tecnológicas. A criação de um ‘mundo perfeito' sem a presença de ódio, violência e drogas, entre outros males, esbarra na vontade do personagem principal de querer saber a verdade a qualquer custo, incluindo destruir foguetes e pular de um penhasco.

As poucas páginas fazem com que o ritmo da história e da leitura seja intenso. O tom frenético das ideias de Miller é muito bem acompanhado pelo trabalho de Bisley. Os desenhos têm o mínimo de detalhes, mas contam com traços suficientes para dar dramaticidade, suspense e agilidade à HQ britânica. Para os fãs de ilustrações e colecionadores, o livro traz artes especiais de ambos os artistas e ilustrações inacabadas, além da capa inédita especialmente pintada por Bisley.

Mas o enredo intenso não ganha um final à altura. O fim da trajetória de Jason deixa o leitor com curiosidade ao que virá depois da história. Quando pensamos que chegou a hora das perguntas serem respondidas, as respostas parecem ter ficado ainda mais distantes.




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