O prefeito de Santo André, Carlos Grana (PT), sequer começou a esboçar projeto de lei que visa implementar reforma administrativa. O petista diz que, no momento, a prioridade é trabalhar para garantir recursos do governo federal e minimizar os problemas estruturais da cidade, causados pelas chuvas dos últimos dias. "Nem comecei a ver isso (mudanças no Executivo) ainda", esquiva-se Grana.

Mesmo com a justificativa de que não é o momento de debater alterações no primeiro escalão, o chefe do Executivo nega que retardar o envio do projeto à Câmara tenha relação com o fato de a oposição estar sólida, o que, na prática, poderia resultar em derrota da matéria em plenário.

Grana pretende criar ao menos cinco secretarias: Trabalho, Segurança, Esporte, Relações Institucionais e das Mulheres. A maioria dos integrantes do G-12 (grupo de 12 vereadores contrários à gestão petista) não concorda com a criação de mais Pastas, pois há dívidas nos cofres municipais na ordem de R$ 110,3 milhões, deixadas pelo ex-prefeito Aidan Ravin (PTB). A avaliação é de que seria incoerente gerar mais custos se há débitos a serem pagos.

O descontentamento dos parlamentares também paira sobre a articulação feita pelo secretário de Gabinete, Tiago Nogueira (PT). Para eles, o petista não tem respeitado o posicionamento contrário ao Paço.

Para tentar restabelecer bom trânsito junto ao Legislativo, Grana irá à sessão de terça-feira. Ele viu com bons olhos a presença de parlamentares na entrega de ambulâncias, na sexta-feira. "Pode ser conversa de porta fechada, porta aberta, ocorrerá de qualquer jeito. Gostei da presença deles. Foi sinal positivo da Câmara. Vou conversar sobre todos os temas, aproveitar a boa fase que Santo André passa para apresentar projetos do governo do Estado e governo federal. É isso que estou priorizando."

Sobre a declaração de Tiago, de que a oposição não tem projetos e por isso pode tentar atrapalhar o andamento do governo, Grana se mostrou incomodado, mas não criticou o correligionário. "Nada a declarar. Não comentarei a declaração de um secretário."

O prefeito rechaçou ainda que tenha tido conversa com o chefe do Executivo de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), para pegar experiência de como enfrentar oposição rígida, como ocorreu na cidade vizinha em 2009. "São Bernardo tem as suas características próprias, Santo André tem as dela", resumiu Grana.

Petista planeja destravar construção de 700 moradias

O Executivo andreense luta para conseguir agilizar quatro empreendimentos do programa Minha Casa, Minha Vida na cidade. Cerca de 700 apartamentos são contabilizados nas construções no bairro Capuava, no conjunto Juquiá, na Rua Alemanha e na Rua Londrina.

A Prefeitura optou por essas áreas pela facilidade em resolver as pendências - a maioria referente aos certames licitatórios. "Estamos começando (a destravar licitações). Tem um grupo que fez todo levantamento de unidades e vamos concentrar nas que estão mais fáceis de terminar", justificou Tiago Nogueira (PT), secretário de Gabinete.

Ele destacou que a prioridade é conseguir a liberação dessas casas, pois a demanda de famílias em área de risco tem crescido. "Adiamos boa parte das tarefas cotidianas para dedicar ao enfrentamento das famílias atingidas", alegou.

O projeto paralelo da Habitação é conseguir mais áreas adequadas para receber investimentos da União via o Minha Casa, Minha Vida. "Precisamos tirar as pessoas do aluguel social e dar a elas uma solução definitiva. O foco é buscar terrenos para que posamos apresentar novos projetos ao governo federal. O compromisso do prefeito é fazer pelo menos 3.000 moradias."

Grana protocolou na Câmara projeto de lei que aumenta o valor do aluguel social na quinta-feira. O benefício passará de R$ 380 para R$ 450. A Prefeitura possui 652 famílias inscritas no programa. A CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), autarquia estadual, paga subsídio para 2.000 pessoas em Santo André. (Colaborou Cynthia Tavares)