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População perdeu medo da Covid, avaliam psicólogos

Taxa de isolamento recua e especialistas acreditam que pessoas criaram falsa sensação de segurança

Por Vinícius Castelli
Do Diário do Grande ABC
24/02/2021 | 07:00
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Mesmo com novas variantes do coronavírus se espalhando, taxas de ocupação de leitos em elevação, mais de 1.000 mortes por dia já há mais de um mês e casos que não param de crescer no Brasil, as cidades do Grande ABC apresentam níveis de isolamento compatíveis com os de antes da pandemia. Além da necessidade de trabalhar, já que boa parte da população respeitou o início da quarentena e se resguardou em casa, especialistas indicam que as pessoas perderam o medo da contaminação e isso tem contribuído ainda mais com o avanço da pandemia.

No início da pandemia, em 10 de abril, a taxa de isolamento na região era de 58,2%. No pico da crise, no dia 1º de junho, passou a 42,9%. Na segunda-feira os dados do governo do Estado com base nos sinais de celular estimam que 39,4% da população estavam em casa – veja dados na arte acima.

Gestora do curso de psicologia da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), a professora Ivete de Souza Yavo explica que o coronavírus fez com que as pessoas, no primeiro momento, tivessem de lidar com a ideia de finitude da vida. “Esse vírus nos mostrou quão frágeis somos e, diante dessa fragilidade, a gente poderia fazer pouco, além de pensar e planejar quais seriam nossas ações”, diz.

Agora, em 2021, ela acredita que a forma de a população lidar com a situação mudou e diz que muita gente acredita que, por achar que já conhece a Covid, não vá se contaminar. “O que observamos é que é grande engano e, talvez por isso, os índices têm crescido”, comenta.

O psicólogo de São Bernardo André Correia concorda em ter havido mudança no comportamento da população do ano passado para cá. “As pessoas estão tentando retomar a vida, então acabam entrando em processo de negação da realidade e criam a falsa realidade onde supõem que a pandemia não é real ou tão ameaçadora.”

O profissional explica que o problema, do ponto de vista psicológico, de a pessoa perder o medo da doença, é que quando ela sai uma vez e não tem o contágio, reforça seu comportamento. “O indivíduo vai entendendo que é seguro e se arriscando cada vez mais. Em um fim de semana vai para um local com poucas pessoas, não é contaminado. Vai para outro com mais pessoas e começa a arriscar lugares maiores, com mais movimento”, avalia.

Correia acredita que as pessoas se adaptaram ao contexto pandêmico e tentam driblar as situações que supõem ser ameaçadoras. “Ela se acostumaram com a pandemia e começaram a compreender melhor os comportamentos e risco”.

Ivete afirma ainda que a sensação de segurança é equivocada. “Algumas pessoas estão vivendo mecanismos de negação, mas outras estão vivendo sentimento de onipotência: ‘Agora conheço a situação, a doença e consigo seguir o controle’. É um grande engano”. Para ela, o momento é de ser empático. “A empatia nos impõe a necessidade tanto de preservação da própria vida quanto da do outro. Usar a máscara e evitar aglomerações são ser empático com outras pessoas.” 




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