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Soldados japoneses chegam ao Iraque; ONU dicute eleições
Por Da AFP
08/02/2004 | 10:59
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Um destacamento de soldados japoneses chegou neste domingo ao Iraque, na primeira missão militar do Japão em zona de conflito desde 1945. Ao mesmo tempo, uma equipe da Organização das Nações Unidas (ONU) se reuniu em Bagdá com membros do Conselho de Governo provisório para estudar a viabilidade da organização de eleições diretas a curto prazo.

Um comboio japonês, formado por 25 veículos transportando cerca de 50 militares, cruzou a fronteira entre Iraque e Kuwait pouco depois do amanhecer deste domingo.

O comboio, que recebeu a escolta de dois blindados americanos, percorrerá cerca de 300 quilômetros antes chegar a Samawa, cidade onde serão sediadas as tropas japonesas. Nesta cidade xiita do sul do Iraque, se encontram desde o dia 19 de janeiro 40 homens da infantaria japonesa.

Outros 500 soldados chegarão ao Iraque até o final do mês de março. Sua missão será essencialmente humanitária, e os militares somente poderão atirar para se defender, como estipula a Constituição japonesa.

No mesmo momento, uma equipe da ONU encarregada de estudar a viabilidade de eleições diretas no país, como pedem os xiitas, se reuniu neste domingo com os membros do Conselho de Governo provisório iraquiano.

Os nove especialistas, liderados por Lakhdar Brahimi, conselheiro especial do secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, iniciaram a reunião às 10h locais (5h de Brasília) na sede do Conselho de Governo, segundo um porta-voz desta instância.

A sede do Conselho se encontra na dita "zona verde", uma fortaleza em pleno centro de Bagdá que abriga também o quartel-general da coalizão.

A equipe permanecerá no Iraque entre sete e dez dias. Trata-se da primeira missão oficial da ONU no país árabe desde que os funcionários da organização foram evacuados, depois de sangrentos atentados cometidos em agosto e setembro de 2003.

"A equipe da ONU tentará se reunir com todos os líderes políticos, e levar em consideração todos os pontos de vista iraquianos, sem exceção. Espero que o trabalho desta equipe contribua a resolver o impasse atual onde se encontra o processo de transição política que deve levar ao estabelecimento de um governo provisório no Iraque", declarou Annan em comunicado emitido no sábado.

A população xiita, majoritária no país, pede eleições diretas no Iraque, o que Washington considera, por enquanto, prematuro.

Segundo o acordo assinado em 15 de novembro entre a coalizão e o Conselho de Governo provisório iraquiano, deve ser designada uma assembléia de transição por eleições indiretas, com o objetivo de transferir o poder aos iraquianos antes do dia 30 de junho de 2004.

Em Berlim, um porta-voz do ministério alemão das Relações Exteriores anunciou no sábado que a Alemanha, a França e o Japão estavam preparando um plano de cooperação para a reconstrução do Iraque, do qual os Estados Unidos foram informados.

Tal plano, que propõe a formação de policiais, o abastecimento de água e eletricidade, e a reconstrução do sistema escolar e universitário já está sendo discutido "há bastante tempo", afirmou este porta-voz.

Nos Estados Unidos, o presidente George W. Bush escolheu um tom agressivo para recuperar o apoio dos americanos sobre a questão iraquiana, alguns dias depois de ter criado uma comissão de investigação sobre as ainda não encontradas armas de destruição em massa (ADM), cuja suposta presença no Iraque foi o motivo alegado pela coalizão americano-britânica para justificar a guerra.

"O ex-ditador iraquiano Saddam Hussein era perigoso, e ao menos tinha a capacidade de fabricar estas armas", garantiu Bush à rede de televisão NBC.




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