Manifestantes pró e contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entraram em confronto na noite de ontem em frente à residência do líder petista, situada na Avenida Francisco Prestes Maia, Centro de São Bernardo, poucas horas depois do vazamento de áudio, feito pela PF (Polícia Federal), que mostra conversa telefônica entre Lula e a presidente Dilma Rousseff (PT), na qual ela diz que encaminharia previamente a ele o “termo de posse” de ministro.

A conversa foi registrada no início da tarde do mesmo dia em que o ex-presidente foi nomeado ministro-chefe da Casa Civil. A PF suspeita que a chefe da Nação tenha empossado o líder petista para que ele passasse a ter foro privilegiado nas investigações da Operação Lava Jato.

Cerca de 300 pessoas se concentraram na porta do edifício em que Lula reside, chegando a trocar socos e pontapés. A Polícia Militar utilizou bomba de gás lacrimogêneo para conter o conflito. Ninguém saiu ferido gravemente e não foi registrada ocorrência, segundo a PM. A concentração durou aproximadamente seis horas. Não se confirmou se havia alguém no apartamento do ex-presidente.

Por volta das 19h, alas do PT – compostas por integrantes do Sindicato dos Metalúrgicos e demais grupos sindicais – começaram a chegar à casa do ex-presidente, que passou o dia em Brasília, retornando no início da noite para São Paulo. Havia expectativa de retorno para sua residência, o que não se concretizou.

Blocos contrários ao ex-presidente foram chegando ao local e tomando as dependências da avenida cerca de 40 minutos depois. Aos poucos, se aglomeraram e acuaram os petistas, que ficaram em minoria.

A PM precisou realizou cordões de isolamentos e conteve conflitos isolados.

Separados, os grupos trocaram ofensas constantes e proferiram músicas provocativas. Os petistas passaram a maior parte do tempo cantando: “Lula, guerreiro, do povo brasileiro”, além de exaltá-lo. Já os manifestantes contrários pediam pela prisão do ex-presidente.

Lideranças políticas do PT da região começaram a chegar ao local por volta das 22h. Os deputados estaduais Teonílio Barba e Luiz Turco foram duramente hostilizados, sendo chamados de ‘ladrão’ por blocos antipetistas. Presidente da Câmara de Mauá, Marcelo Oliveira (PT) relatou ter sido atingido por uma pedra atirada por manifestante. O ex-deputado federal Vanderlei Siraque (PT) disse que foi agredido.

BUZINAÇO

No início da noite, principais avenidas do Grande ABC registraram buzinaço. Houve também panelaço em algumas residências, assim como no próprio prédio de Lula, feito por vizinhos.