A Renascente de São Bernardo, fundada e mantida pela tradicional família Lemes, do Parque São Bernardo, decidiu deixar as raízes africanas de lado e resgatar o prazer de brincar. "Todos os anos nós investíamos em enredos que falavam da cultura negra. Mas neste Carnaval será diferente", avisa o vice-presidente, José da Silva Lemes, 48 anos.

A ideia é celebrar a infância e brincadeiras antigas, como amarelinha, peão e o jogo da velha. Os adultos serão convidados a voltar à infância e os pequenos apresentados às formas mais antigas de diversão. "O importante é não deixar de brincar nunca."

Com 400 componentes, 12 alas e quatro carros alegóricos, a única coisa hoje que está pronta é a vontade de desfilar. Fantasias estão na fase de finalização, mas as alegorias dos carros serão confeccionadas durante a última semana antes da Folia.

"Nesta época do ano, o dia deveria ter 25 horas. Temos que pegar forte no trabalho para terminar tudo a tempo. Mas isso é coisa de Carnaval. Se não tivesse essa emoção, não teria graça", brinca Lemes, que acumula o cargo de intérprete da escola.

Sem espaço

Além da demora na liberação da subvenção municipal (R$ 45 mil) pela Prefeitura, outro problema está chateando os integrantes da Renascente. A repentina recusa da direção da Escola Estadual Professora Palmira Grassiotto Ferreira da Silva para confecção das fantasias e local de ensaios da bateria. "Não deram qualquer explicação sobre a proibição. Há anos ocupávamos o espaço, com aval da Secretaria de Estado da Educação. Não sabemos o que aconteceu", reclama Lemes.

A confecção do material ficou prejudicada, já que agora as fantasias e alegorias acumulam-se na casa da família. Os carros e os ensaios foram transferidos para uma quadra no bairro Boa Vista, longe da comunidade. "Nossos integrantes são muito carentes, não podem ficar se deslocando. Isso nos afetou muito e ficamos muito tristes. Mas não deixaremos de lutar e, quem sabe, será neste ano que levantaremos o título de campeã do Carnaval de São Bernardo", sonha. A vontade, claramente, não faltará para os integrantes da Renascente.

Princesa do Carnaval dá duro nos preparativos

Quem pensa que a dona do título de 1ª princesa do Carnaval de São Bernardo é só glamour não sabe dos bastidores da Folia. A operadora de telemarketing Diana Andrea de Oliveira Lemes, 27 anos, já está acostumada a colar lantejoulas nas fantasias, arrumar as plumas e dar acabamento nos adereços. Sempre rodeada dos sobrinhos, que ajudam e também bagunçam o ambiente de trabalho.

"Desde pequena estou envolvida com o Carnaval, que aqui é coisa de família. É uma época muito esperada. Em São Bernardo, é o ápice da cultura", declara a moça, que acumula ainda a honra de ser madrinha de bateria da agremiação há dez anos.

Neste ano, sua fantasia representará uma bailarina, à frente de um exército de soldadinhos de chumbo - a bateria. "Adorei o tema, que fala de infância. Todos sabem que dentro de cada um habita uma criança", argumenta.

A morena de curvas generosas neste ano vai escutar os elogios mais atentamente. Está "solteira e disponível". O pai, o intérprete José Lemes, no entanto, já avisa que estará de olho nos pretendentes.