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Estradas do ABC têm
2 mortes por semana

Número é referente a 2011, quando 102 pessoas perderam a
vida na Anchieta, na Imigrantes e no Trecho Sul do Rodoanel

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
06/02/2012 | 07:00
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A cada semana, duas pessoas perderam a vida em acidentes nas três rodovias concessionadas que cortam a região. O número é referente a 2011, quando 102 pessoas morreram na Anchieta, na Imigrantes e no Trecho Sul do Rodoanel. Em relação ao ano anterior, foi registrada alta de 26,4% nas duas rodovias que dão acesso à Baixada Santista.

A estrada que teve mais vítimas fatais no ano passado foi a Imigrantes, com 58 mortes. Em seguida vieram a Anchieta, com 33, e o Trecho Sul do Rodoanel, onde 11 pessoas morreram desde março. A SPMar, concessionária do segmento, não dispõe dos dados referentes a períodos anteriores, já que a concessão da via teve início em março. A Polícia Militar Rodoviária não forneceu os dados de 2010.

Apesar do crescimento no número de vítimas fatais, a quantidade de acidentes diminuiu nas duas rodovias que atravessam a Serra do Mar. Segundo a Ecovias, a Anchieta teve 2.532 ocorrências no ano passado, 15% a menos do que as 2.983 de 2010. Na Imigrantes, a queda foi de 16%, passando de 2.184 para 1.831. O número de caminhões acidentados caiu 24% na Anchieta e 32% na Imigrantes.

O professor da FEI (Fundação Educacional Inaciana) e especialista em transportes, Creso Peixoto, adverte que aumentou o número de mortes em relação ao tráfego no Sistema Anchieta-Imigrantes. A circulação média subiu de 98 mil veículos em 2010 para 105 mil no ano passado. "Na Imigrantes, a taxa (de mortes) passou de 0,03% para 0,05% do tráfego, enquanto na Anchieta, passou de 0,07% para 0,08%", analisa.

A taxa total de acidentes caiu de 5,27% para 4,15% do tráfego. "Podemos concluir que os equipamentos e as técnicas de redução de acidentes têm sido positivas, mas o número de mortos ainda não tem refletido positivamente", avalia.

O supervisor de planejamento de tráfego da Ecovias, Ronald Marangon, afirma que uma das maiores causas de mortes nas rodovias são os atropelamentos (veja reportagem ao lado). Outro fator que contribui para o alto número de acidentes é a forte urbanização ao redor das estradas no trecho de planalto. "Muitos dos acidentes são colisões traseiras ou laterais, provocados pela desatenção dos motoristas." A concessionária possui um programa de redução de acidentes, que tem o objetivo de identificar os fatores de risco e intensificar a prevenção.

 

Atropelamentos tiveram alta de 73,3% em 2011

As mortes por atropelamento aumentaram 73,3% de 2010 para 2011 na Anchieta e na Imigrantes, passando de 15 para 26. A alta significativa foi puxada pela Imigrantes, que teve o dobro de mortes no ano passado: 18, contra nove do período anterior. Na Anchieta houve pequeno acréscimo, passando de seis para oito. No Trecho Sul do Rodoanel, quatro pessoas morreram desde março, mês em que a SPMar iniciou a concessão da via.

O ponto onde morre a maior parte de vítimas atropeladas é no Planalto. Não foram registradas ocorrências nos trechos de serra. Dado alarmante divulgado pela Ecovias aponta que 19% das pessoas atropeladas morreram a menos de 100 metros de uma passarela. Tal panorama fará com que a concessionária desenvolva neste ano campanha focada nos pedestres e na intensificação do uso da passarela.

IMPERÍCIA

Para o diretor da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego) Dirceu Alves, o despreparo dos condutores é determinante para o alto índice de ocorrências. "A preparação é inadequada. O motorista não é instruído para dirigir em rodovias." O médico sugere também a redução no limite de velocidade nos trechos urbanos das rodovias. Atualmente, o limite é de 90 km/h nas pistas locais e 110 km/h nas expressas.

 

Pedestres se arriscam ao atravessar nas rodovias

Ao trafegar pelas rodovias Anchieta e Imigrantes não é raro encontrar ciclistas e pessoas andando pelo acostamento, bem como pedestres que arriscam a vida ao atravessar no meio da estrada, às vezes, com a passarela disponível há poucos metros de distância.

Em menos de uma hora, a equipe do Diário presenciou ontem alguns casos, inclusive, quatro jovens passando para o outro lado por baixo do viaduto no Km 25,5 da Anchieta. A babá Silvia Aparecida Pereira, 44 anos, e os sobrinhos de 11 e 12, assumem que já atravessaram algumas vezes pela rodovia. "Dá muito medo e precisa olhar bem para os dois lados, mas a passarela é tão longe que cortamos caminho", justificou.

A população que mora nos bairros próximos às vias já presenciaram vários acidentes por causa de imprudência dos próprios pedestres. "Conheço muita gente que já foi atropelada por aqui. Fica complicado porque, para chegar no ponto de ônibus, precisa andar muito", apontou a técnica em enfermagem Ione Maria Cruz, 40. Ela mora próximo à passagem do Óleoduto, em São Bernardo.

Moradora há 16 anos dos predinhos do Jardim Silvina, perto da Anchieta, a operadora de caixa Aline Sara, 20, também cansou de ouvir casos de atropelamento. "Faz um tempo que não acontece, mas muitas crianças que vão pegar pipa já foram parar no meio da estrada." Para ela, a construção do Rodoanel piorou ainda mais o tráfego na região.

Já o pedreiro Joel da Paixão, 37, acredita que só se arrisca quem quer. "Dá muito bem para atravessar com segurança pela passarela ou pelo caminho no viaduto." (Por Marcela Munhoz)




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