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Peter Pan completa 50 anos
Por Mauro Fernando
Do Diário do Grande ABC
02/02/2003 | 17:45
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Em sua versão mais conhecida, o menino que se recusa a crescer completa neste ano o cinqüentenário – Peter Pan, a animação da Disney, estreou em 1953. Firme e forte – tanto que se espalhou pelo mundo –, a história nasceu da pena do escocês James Matthew Barrie (1860-1937) em 1904, na forma de peça de teatro.

O autor, que construiu o personagem em 1902, no livro O Passarinho Branco, publicou a versão literária em 1911. Peter Pan surgiu em O Passarinho Branco como personagem secundário – aparece somente em determinado trecho. O garoto levou dois anos para ganhar o status de protagonista.

A adaptação da Disney, dirigida por Clyde Geronimi, Wilfred Jackson e Hamilton Luske, do time de absoluta confiança de Papai Walt, distorce um tanto o original. Neste, por exemplo, é Wendy quem enfrenta o Capitão Gancho – de personalidade problemática, Peter Pan é narcisista, arrogante e autoritário.

Recheado de ironia fina e humor inteligente, o livro não dispensa doses de sexualidade e ambigüidade, dispersas em suas páginas ricas em simbologia e lirismo. Muito disso desapareceu na animação cinematográfica.

Na condição de quadrinhos, o livro de Barrie chegou ao Brasil em 1953, publicado no número 14 da revista Mickey. Em 1930, porém, já havia atracado neste país tropical. Monteiro Lobato fez chegar às livrarias Peter Pan – o escritor ainda levaria o personagem a visitar o Sítio do Picapau Amarelo algumas vezes.

Steven Spielberg deu cores contemporâneas à história em 1991, quando estreou Hook – A Volta do Capitão Gancho, filme estrelado por Robin Williams e Dustin Hoffman. A Disney voltou ao tema no ano passado, quando colocou nas locadoras o vídeo de animação Peter Pan – De Volta à Terra do Nunca, dirigido por Robin Budd e Donovan Cook. No lugar de Wendy, sua filha Jane, criança cética que se rende, enfim, ao pó mágico de Sininho.

Para a psicóloga Clarice Puccetti, de São Caetano, Peter Pan é a representação de um “mito clássico masculino, o do garoto que se nega a crescer e se refugia na terra da fantasia, não aceita o tempo como causador da mudança de papéis”. A função de Wendy é “ajudá-lo a despertar, a diferenciar o mundo exterior do interior”.

Nem Gancho escapa ao tema básico da obra, dentro do contexto psicológico – o amadurecimento masculino. “O despertador que o crocodilo, uma ameaça, engoliu revela o conflito que o Capitão tem com o tempo”, diz Clarice.

Traduzido por Hildegard Feist e editado pela Companhia das Letrinhas, o original de Barrie pode ser comprado por R$ 29,50. Outra tradução, a de Ana Maria Machado, publicada pela FTD, custa R$ 21,60. Editado pela Brasiliense, o livro de Lobato pode ser encontrado por R$ 12,70.




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