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Execuçao de comunista ainda divide opiniao na Romênia
Por Do Diário do Grande ABC
25/12/1999 | 15:00
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Há exatos dez anos, o dirigente comunista Nicolae Ceausescu era executado ao lado da esposa, Elena. ``Tirano sanguinário' para alguns, ``herói popular' para outros, a memória de Cuausesco ainda divide os romenos.

Segundo uma pesquisa publicada recentemente em Bucareste, o ex-dirigente é a personalidade mais controvertida do século e encontra-se na ponta tanto na categoria dos dirigentes que fizeram ``o melhor' para o país (opiniao de 21% dos romenos) quanto ``o pior' (22%).

Neste sábado, enquanto continuava a peregrinaçao na praça da Universidade, no centro de Bucareste, onde 50 pessoas morreram em 21 de dezembro de 1989 pelas maos de forças fiéis a Ceausescu, uma centena de nostálgicos se reuniram junto à tumba do ex-ditador.

``Jamais te esqueceremos', exclamou um sexagenário com lágrimas nos olhos, antes de depositar uma coroa de flores com a inscriçao ``glória eterna ao herói do povo'.

``Todos nós o admiramos, nao fez mais que coisas boas pela Romênia', disse Constantin Dimitru, um operário aposentado, citando entre as benfeitorias de Ceaucescu ``a industrializaçao do país, a educaçao gratuita e a ausência de demissoes', atribuindo os eventuais ``erros' do regime comunista a ``Elena, seu mau humor', opiniao que é compartilhada pela maioria dos nostálgicos.

O túmulo de Elena, situado a alguns metros da de seu marido, permanece abandonado e apenas alguns ramos de pinheiro foram depositados sobre ela. ``Os romenos têm uma memória seletiva e certa tendência a se lembrarem unicamente dos aspectos positivos do regime comunista', estimou o cientista político Vladimir Tismeanu.

Para dezenas de habitantes da capital que acenderam velas na memória dos jovens que morreram vítimas dos tiros ou esmagados pelos tanques na noite de 21 de dezembro, Ceausescu continua sendo um ``criminoso, um tirano sem igual'.

``Jamais o perdoarei pelo terror sob o qual nos fez viver', desabafou Adriana Barbu, uma arquiteta de 43 anos.

A captura e execuçao de Ceausescu, que os romenos acolheram com demonstraçoes de júbilo, sao cada vez mais questionadas. ``O poder instalado depois de 22 de dezembro de 1989 tratou Ceaucescu como o pior delinqüente, quando ele presidiu a Romênia por 25 anos', indignou-se Ilie Petrescu, um engenheiro de 55 anos.

``Nao era preciso matá-lo no dia de Natal. A Romênia nunca poderá expiar sua culpa', disse Maria Vizireanu, 59 anos. Por outro lado, Maria reconheceu que no dia em que Ceausescu foi fuzilado, ela alegrou-se ``como todo mundo' e acreditou estar assistindo um ato de ``justiça'.




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