"Não sei", respondeu o publicitário Marcos Valério quando indagado na CPI dos Correios se contratou "algum parente" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para trabalhar em uma de suas empresas – a Estratégica Marketing Promoções Ltda – para fazer campanhas eleitorais do PT.

Foi a primeira vez que a CPI apontou sua investigação para uma eventual ligação entre o suposto operador do mensalão e o presidente Lula. A pergunta foi feita pelo deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ) depois que o publicitário declarou ter criado uma empresa exclusivamente para as campanhas do PT.

Contratação – Valério informou ter cuidado das campanhas municipais do PT em Petrópolis (RJ), Osasco e São Bernardo. Diante da evasiva do publicitário, quando questionado sobre contratação de familiares de Lula, o deputado insistiu, sem citar nome. "Contratou o filho do presidente?" Valério repetiu. "Não sei"

A oposição recebeu com desconfiança a resposta por entender que não é plausível alguém esquecer se contratou ou não algum parente do presidente. A investigação deverá esmiuçar os contratos da Estratégica com os candidatos do PT para as prefeituras daquelas cidades. A meta é identificar quem foi pago pelos serviços e se houve terceirização.

"Não sei se algum filho do Lula trabalhou na minha campanha, só se foi na militância", disse o deputado Vicentinho Paulo da Silva (PT-SP), candidato derrotado à prefeitura de São Bernardo. "Vai ver que distribuiu panfletos, material de propaganda, mas sem remuneração. Não me lembro de tê-lo visto no comitê, não posso dizer se ele foi ou não (no comitê). Eles são filiados ao PT de São Bernardo, devem ter participado como militantes".