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Brasil deve contribuir só com uma pessoa na Untaet
Por Do Diário do Grande ABC
12/12/1999 | 17:21
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O Brasil corre o risco de enviar apenas um brasileiro para integrar o quadro de 700 profissionais estrangeiros que a Administraçao Temporária das Naçoes Unidas para o Timor Leste (Untaet) espera contar para iniciar os trabalhos de reconstruçao do país, em janeiro. Essa poderá ser a discreta participaçao brasileira, pelo menos no início dos trabalhos, caso o processo de seleçao de profissionais brasileiros interessados em trabalhar no Timor nao seja acelerado. A missao da Untaet no Timor deverá durar de dois a três anos, quando o país será entregue ao poder interno, a ser constituído.

Desde que a Untaet começou a selecionar estrangeiros para trabalhar na reconstruçao do país, em outubro, o Brasil mandou 59 currículos, dos quais apenas oito foram selecionados. Dos escolhidos, quatro profissionais do Instituto Brasileiro de Administraçao Municipal (Ibam), do Rio, aguardam por instruçoes e outros desistiram de viajar. A India, por exemplo, já enviou mais de mil currículos e a pequena Guiné-Bissau, 20, segundo fontes ligadas à Organizaçao das Naçoes Unidas (ONU).

Esses, porém, sao os números das indicaçoes feitas pelo Itamaraty. O responsável pela missao da Untaet, o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, funcionário da ONU, indicou outros cinco brasileiros que vao atuar nas áreas de comunicaçao, planejamento urbano e Justiça. Apesar de esperar reunir 700 profissionais em janeiro, a Untaet pretende aumentar o contigente de técnicos estrangeiros no Timor para 1.100, até maio. A missao dos especialistas é criar condiçoes e infra-estrutura nas áreas de agricultura, saúde, educaçao, justiça e administraçao pública.

Até agora, o Brasil só confirmou a ida de um brasileiro: o procurador regional da República, Eugênio Aragao, que espera embarcar para o Timor na semana que vem, mas ainda nao recebeu instruçoes para isso. "Nao sei exatamente o que se espera de mim", disse Aragao. "Mas sei que o Judiciário do Timor foi totalmente destruído, até processos desapareceram por lá". Para Aragao, o Brasil ainda está `muito tímido' em termos de participaçao em missoes internacionais.

"A diplomacia tentou enviar um contigente maior de soldados para Timor, mas o Ministério da Fazenda brecou", disse. Em setembro, o Brasil enviou um pelotao da Polícia do Exército de Brasília, com 51 soldados, para ajudar no policiamento civil em Timor. "A participaçao do Brasil é um investimento em termos geopolíticos", afirmou Aragao, que é professor de direito internacional na Universidade de Brasília.

"O tamanho do território já nao conta mais, e o Brasil tem de participar ativamente se quer mesmo ter um assento no Conselho Permanente de Segurança da ONU", disse. "O que conta no cenário internacional é liderança".

Itamaraty - De acordo com o Itamaraty, enquanto a Untaet estiver administrando o Timor, a participaçao do Brasil deve ser no âmbito multilateral e o país nao pode oferecer nada além do que é solicitado pela ONU. Segundo diplomatas do Ministério das Relaçoes Exteriores, o governo brasileiro está enviando currículos de acordo com as solicitaçoes da ONU. O Itamaraty tem solicitado a órgaos do governo, fundaçoes e universidades que indiquem profissionais dispostos a trabalhar na reconstruçao do país.

Essas instituiçoes enviam currículos de especialistas, de acordo com as áreas solicitadas pela ONU, ao Itamaraty, que faz uma pré-seleçao e manda os currículos a Nova York, sede da ONU. A ONU faz um contrato de trabalho temporário com o profissional que varia de três a seis meses. Se for funcionário público, o especialista tem direito a licença nao remunerada para servir na ONU. O salários pagos pelas Naçoes Unidas variam de US$ 4.000,00 a US$ 7.000,00, de acordo com as qualificaçoes e experiência do profissional.

O Itamaraty está recrutando especialistas, principalmente, em órgaos públicos. Mas os interessados em oferecer-se como voluntários para atuar em Timor Leste podem entrar em contato com o Serviço de Voluntários das Naçoes Unidas. Nesse caso, porém, a ONU nao oferece salário, mas uma diária para moradia e alimentaçao, que varia de acordo com o local para o qual o voluntário é enviado. Os especialistas da ONU avisam, porém, que, para ser voluntário é preciso ter nível superior e no mínimo dois anos de experiência na área em que se deseja atuar. O escritório do Serviço de Voluntários da ONU fica em Brasília e o telefone é 61 329 20 65.

O Itamaraty tem concentrado os pedidos, de indicaçao de especialistas nos Ministérios da Saúde, Educaçao, em órgaos da Procuradoria de Justiça, no Instituto Brasileiro de Administraçao Municipal (Ibam), no Rio de Janeiro, no Senai, de Sao Paulo, na Fundap, na Embrapa e na Universidade de Brasília.




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