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Casa dos Artistas é voyeurismo em família
Por Alessandro Soares
Do Diário do Grande ABC
15/12/2001 | 16:13
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Nada superou a “novela da vida real” Casa dos Artistas nas noites de domingo desde sua estréia no SBT, em 28 de outubro deste ano. Neste domingo chega ao fim este programa que trata justamente de nada e que derrotou o decano Fantástico da poderosa Rede Globo, tornando-se uma histórica febre de audiência. O que atrai o telespectador não é o conteúdo vazio, mas o culto à personalidade e a possibilidade de ver o que o outro faz. Descobriu-se o voyeurismo em família.

Durante sete semanas, de segunda-feira a sábado, o telespectador acompanhou pelo SBT as histórias dentro da casa, brigas, romances, bate-papos e escolheu seus heróis e vilões. Aos domingos, a audiência elegeu seus preferidos e odiados, comandados pela edição das imagens que vão ao ar e pelo carismático apresentador Silvio Santos. No sistema pay-per-view da TV por assinatura DirecTV, a Casa fica aberta 24 horas por dia. Há até quem varou madrugadas de olho no programa.

O público aplaude a janela aberta na sala para espiar a vida alheia de artistas, vistos diariamente como gente como a gente. O cantor Supla aparece como autêntico, inteligente e sincero. É o favorito de todos para levar o prêmio neste domingo, mas não há unanimidade em torno dele. A cantora Patrícia Coelho ganha em simpatia; a atriz Bárbara Paz, em carência. O dublê de empresário Alexandre Frota, o bad boy, também é autêntico em sua malandragem esperta e, para o público, não merece vencer. Porém, também não há unanimidade para ele, que tem até torcida própria. A única unanimidade seria uma surpreendente vitória da modelo, atriz e chorona Mari Alexandre.

O que Casa dos Artistas deixa claro é a necessidade coletiva de projeção e identificação em indivíduos e modelos de comportamento, segundo especialistas em comunicação de massas. Mas, para eles, o reality show – como também é No Limite e, futuramente, Big Brother Brasil, ambos da Globo –, não é uma tendência.

A tendência é a transformação da televisão em mediador de discussão pública. A TV substituiria o convívio social ao abordar, em programas como esses, situações cotidianas que induzem no espectador comportamentos e atitudes da vida real exibida – mesmo forçada em espaço fechado.




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