Economia Titulo Em 2016
Renda fixa é aposta para investimentos em 2016, dizem analistas

Tesouro Direto e títulos como LCI e LCA
são recomendados; poupança rende pouco

Por Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
27/12/2015 | 07:02
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Divulgação:


Em meio à perspectiva de continuidade das turbulências econômicas do País em 2016, quem planeja aplicar parte de seus recursos deve concentrar investimentos em renda fixa, segundo especialistas financeiros. Isso porque o próprio Banco Central já sinaliza que a Selic (os juros básicos da economia) tende a seguir em alta, para conter a inflação, e porque, nesse quadro de instabilidade, o mercado acionário provavelmente continuará com forte volatilidade (oscilação de preços). “Para 2016, a gente deve ter um cenário muito parecido com o de 2015, já que as incertezas política e econômica nos fazem acreditar que não teremos queda expressiva na taxa de juros; pelo contrário, deve aumentar a partir de janeiro”, diz o diretor da corretora Easynvest, Amerson Magalhães.

As aplicações de renda fixa são aquelas que o retorno já pode ser determinado no momento da aplicação. No entanto, Magalhães não inclui nas recomendáveis a caderneta de poupança, porque, como a inflação está alta, outros modalidades ficaram mais rentáveis. “Não pode ser considerada hoje um investimento”, diz.

O fato é que a caderneta, apesar de ter vantagens como a alta liquidez (o dinheiro pode ser sacado a qualquer momento) e não ter taxação do Imposto de Renda, tem rendido muito baixo (em torno de 8% ao ano), perdendo para outras modalidades, como o Tesouro Direto, LCI (Letras de Crédito Imobiliário) e LCA (Letras de Crédito do Agronegócio) – estes dois últimos também são isentos do IR.

TESOURO - Para o educador financeiro Mauro Calil, a principal recomendação é o Tesouro Direto, que é acessível – a partir de R$ 30 já é possível fazer aportes –, seguro (100% garantido pelo Tesouro Nacional) e, dentre os títulos desse mercado, ele aponta como opção interessante o Tesouro Selic, que tem rentabilidade atrelada à taxa Selic – atualmente em 14,25% ao ano. Isso significa que, quando os juros básicos sobem, o rendimento aumenta.

Magalhães também recomenda o Tesouro Selic, principalmente para se ter reservas de emergências de curto prazo (de seis a oito meses). Ele aponta como uma de suas vantagens características como a de ter liquidez diária – ou seja, é possível resgatar a qualquer tempo –, com o ganho baseado na taxa básica de juros. Ele assinala que outros títulos dessa modalidade, como os indexados à inflação, por exemplo, o IPCA + 2019 (que paga o rendimento com base na taxa inflacionária mais juros definidos no momento do investimento), são boas alternativas, mas podem gerar perdas, se a pessoa fizer o resgate antes do vencimento.

No caso de títulos como LCI e LCA – que são, como outras aplicações bancárias, garantidos pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito) até o teto de R$ 250 mil para cada CPF e cada instituição – o retorno é ainda superior: pode chegar a 100% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), atualmente em 14,14%. No entanto, exigem valor inicial maior (pelo menos, R$ 5.000) e tem menor liquidez que a poupança (não pode ser resgatado antes do prazo mínimo de aplicação, que pode ser de 60 dias ou mais).

EM BOLSA - Em relação ao mercado acionário, as incertezas devem seguir altas em 2016. Magalhães cita que uma opção que pode ser interessante para o longo prazo são os ETF (sigla em inglês que designa um fundo de investimento), de cotas de ações. Como vantagens, exigem investimento inicial baixo (de acordo com a BM&FBovespa, podem partir de R$ 63) e risco menor que a compra direta de ações em bolsa. São compostos por ações de diversas companhias e buscam seguir índices, como o Ibovespa, “para mitigar o risco” (por exemplo, de quebra ou forte desvalorização de uma empresa).

Pesquisa realizada pela consultoria TNS Brasil neste fim de ano mostra que os consumidores brasileiros devem entrar em 2016 mais cautelosos com os gastos e mais preocupados em economizar do que estavam quando foi realizado o estudo anterior, em dezembro 2014.

Desta vez, o desejo dos entrevistados concentra-se em metas financeiras, entre as quais aumentar a renda (73%) e guardar dinheiro (63%). O levantamento aponta a queda do otimismo em relação ao futuro, que passou de 37% para 18%. Enquanto 75% pretendiam economizar mais neste ano, o número saltou para 84% em 2016.

A situação econômica do País, com desemprego em alta e inflação ultrapassando os dois dígitos ao ano, recomenda-se prudência nos gastos, principalmente nesse período do ano. O educador financeiro Reinaldo Domingos cita que a euforia das comemorações, o desejo de presentear parentes e amigos e o sonho de viajar nas férias podem ser comprometidos quando falta planejamento para essas despesas e para aquelas que chegam junto com o ano novo – IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores), IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), matrícula e material escolar.

Domingos dá algumas orientações práticas para as pessoas não estourarem o orçamento, por exemplo, registrando mês a mês os compromissos (aniversários, datas comemorativas, vencimentos de impostos etc.), intenções de gastos e despesas. “Ajuste sua vida financeira ao seu real padrão de vida”, alerta.
 




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