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Estado investe R$ 9,7 milhões para combate da pobreza na região

Previsão é a de que programa social beneficie famílias de Diadema, Mauá e Rio Grande da Serra

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
03/12/2015 | 07:00
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Ricardo Trida/DGABC


Três cidades da região estão entre as 27 do Estado que serão beneficiadas pelo Programa Família Paulista, lançado na manhã de ontem pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social. A proposta é disponibilizar R$ 9,7 milhões a cerca de 6.284 famílias do Grande ABC, sendo 3.958 em Diadema, 712 em Mauá e 1.614 em Rio Grande para que deixem a situação de extrema pobreza.

O programa, que tem duração de dois anos, prevê o repasse de R$ 77,5 milhões, contemplando 20 mil famílias da Região Metropolitana. A seleção das cidades foi feita com base no IPVS (Índice Paulista de Vulnerabilidade Social) e no IPRS (Índice Paulista de Responsabilidade Social), ambos da Fundação Seade.

Conforme explicou o secretário de Desenvolvimento Social do Estado, Floriano Pesaro, o valor será repassado aos municípios integralmente para que os agentes dos Cras (Centros de Referência de Assistência Social) verifiquem as necessidades das famílias. Cada agente ficará responsável por 165 famílias, sendo que o Estado vai realizar capacitação para estes funcionários.

“Nós vamos fazer melhorias dentro das residências destas pessoas, fazendo manutenção das janelas, colocando ambientes separados para que pais e filhos não precisem dormir juntos. Vamos verificar a questão do esgotamento sanitário, entre outras ações. Além disso, vamos possibilitar o acesso a diversos programas de geração de renda e trabalho. A ideia é ficar a par das necessidades e a partir daí possibilitar uma saída para o problema”, disse Pesaro.

“Vamos trabalhar de forma conjunta a questão social da família. Serão feitas melhorias na estrutura e também na qualificação profissional para que as pessoas possam obter renda e sair desta condição de extrema pobreza”, disse o governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB).

O objetivo é tirar as famílias da situação de pobreza extrema no prazo de até um ano. A previsão é a de que as ações comecem a acontecer em fevereiro do próximo ano. “Não é um milagre, é muito trabalho e uma construção de ações do Estado e das prefeituras. É algo muito personalizado, porque a gente sabe que a pobreza tem múltiplas dimensões. Há famílias com crianças com alguma deficiência, famílias que têm um idoso com algum tipo de problema de saúde e que acabam sofrendo mais. Nós precisamos ter esse olhar mais personalizado”, afirmou o secretário.

Podem participar do programa pessoas que já estejam no CadÚnico (Cadastro Único do Governo Federal) e que tenham renda menor ou igual a R$ 77 por mês. Estes moradores podem ou não estar incluídos em programas de transferência de renda federal ou estadual, como o Bolsa Família ou o Renda Cidadã.

Moradores revelam dificuldades diárias

“São R$ 75 que precisam ser R$ 750 durante o mês”, ressalta Rosimeire Mendes, 36 anos, moradora do Sítio Joaninha, em Diadema. Desempregada há oito meses, ela destaca que o valor mensal adquirido é fruto da venda de salgados, alternativa encontrada há pouco tempo para melhorar a situação financeira da família. “Espero que neste final de ano melhore pelo menos um pouco. É difícil sustentar duas filhas com o que seria uma mesada”, salienta.

A situação de Rosimeire é comum no bairro carente, onde a equipe do Diário esteve ontem. Não à toa a cidade está entre as selecionadas para integrar o programa estadual Família Paulista, lançado ontem.
Desempregado desde o começo do ano, Rafael dos Santos, 32, revela as dificuldades para sustentar o filho pequeno. “Trabalho como ajudante geral. O que aparecer eu faço”, observa ele, que inclusive já coletou latinhas para reciclagem. “Ganho praticamente R$ 40 por dia. É quase nada”, relata.

A situação não é diferente na casa de José Carlos Texeira, 25. Trabalhando como serralheiro para sustentar sua residência, ele desabafa sobre o constrangimento de ter de pedir doações. “Tem gente que acha que somos preguiçosos e não queremos trabalhar, mas as oportunidades não aparecem. Às vezes, pegamos as sobras do açougue para comer em casa”, revela.

Israel Santos, 54, está desempregado e reclama da falta de esclarecimento sobre os programas sociais. “Ninguém explica o que devemos fazer para obter os auxílios a que temos direito”, comenta. (Leonardo Santos)




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