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CPI do Narcotráfico adia votaçao de relatório final
Por Do Diário OnLine
Com Agências
01/12/2000 | 10:17
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A votaçao do relatório final da Comissao Parlamentar de Inquérito (CPI) do Narcotráfico marcada para esta sexta-feira foi adiada para a próxima terça-feira. O relatório, do deputado Moroni Torgan (PFL-CE) pede o indiciamento de quase 500 pessoas, entre elas prefeitos, juízes e deputados.

Os integrantes da CPI trabalharam até as 5h30 desta sexta na elaboraçao do documento e decidiram adiar a votaçao.

O deputado federal Augusto Farias (PPB-AL) encabeça a lista de parlamentares a serem indicados. Além dele, também constam do relatório cinco deputados estaduais de Alagoas: Antônio Albuquerque (PRTB), Júnior Leao (PST), Francisco Tenório (PDT), Celso Luiz (PSDB) e Fátima Cordeiro (PDT).

Segundo a CPI, Augusto Farias estaria envolvido com a quadrilha do empresário foragido William Walder Sozza, de Campinas (SP). O deputado também foi indiciado pela polícia alagoana no inquérito que apurou a morte do irmao Paulo César Farias, o PC, e da namorada dele, Suzana Marcolino.

De acordo com o sub-relator da CPI do Narcotráfico, deputado federal Padre Roque (PT-PR), a comissao se baseou em documentos que comprovam o envolvimento dos parlamentares alagoanos em crimes de pistolagem, lavagem de dinheiro, roubo de cargas e sonegaçao fiscal.

Quadrilhas - A decisao da CPI de indiciar Augusto Farias (PPB-AL) revela a extensao das açoes do crime organizado no Brasil e antecipa desdobramentos do relatório final da comissao, que deve ser apresentado hoje. O nome de Farias apareceu na CPI no início de 1999.

O primeiro a falar de Farias foi o ex-motorista de quadrilhas de roubo de cargas Jorge Méres, que se transformaria numa das principais testemunhas da CPI. Méres contou, em um depoimento secreto, que participara de reuniao da cúpula da quadrilha, na qual foi decidida a morte do delegado Stênio Mendonça, assassinado em 1997, no Maranhao. Na época, o delegado investigava roubos de carga no Estado. Méres disse que o ex-deputado federal Hildebrando Pascoal (AC) e Augusto Farias participaram da reuniao.

Entre agosto e outubro de 1999, os depoimentos de Gilmar Leite Siqueira e de José Joao Soares, também presos sob a acusaçao de integrarem quadrilhas de roubo de cargas e tráfico de armas, voltariam a ligar o esquema de Sozza - e de Augusto Farias - com o do crime organizado em Alagoas, Maranhao, Acre e Mato Grosso. Eles confirmaram a participaçao de Sozza e dos deputados agora indiciados pela CPI na morte do delegado.

O envolvimento de Farias seria denunciado novamente durante as investigaçoes da morte do juiz Leopoldino Amaral, do Mato Grosso, assassinado depois de ter acusado colegas de participaçao no esquema do narcotráfico. Uma das testemunhas, Barros Palmeira, afirmou que recebera por quatro vezes em sua casa o juiz Daniel Accioly, que havia sido acusado de envolvimento com o crime organizado. A testemunha disse que, em uma das visitas, Accioly estava acompanhado por Rogério Farias, irmao de Augusto Farias. A mulher de Rogério Farias seria ainda proprietária de uma fazenda usada pela quadrilha para recebimento de drogas e armas.

Outro lado - Durante os depoimentos e as diligências da CPI do Narcotráfico, Augusto Farias negou todas as acusaçoes. Quinta-feira, após o anúncio do indiciamento, ele nao foi localizado para falar sobre o caso, mas o irmao dele, Rogério, disse que o deputado vai esperar o comunicado oficial para se pronunciar.

Outros parlamentares alagoanos indiciados se mostraram surpresos com a notícia. Albuquerque disse que ficou sabendo pela imprensa que foi indiciado. "Vou esperar informaçoes oficiais para poder falar. Por enquanto, nao posso me pronunciar a respeito deste assunto, até porque nao sei por que razao fui indiciado", afirmou Albuquerque.

Já Luiz e Fátima nao foram localizados pela reportagem. A deputada é mulher do prefeito Jorge Cordeiro (PMDB), de Sao Luiz do Quitunde, a 56 km de Maceió. Ele é acusado de ter mandado matar, no início dos anos 90, o ex-prefeito do município José Osório (PPS). O deputado Francisco Tenório disse que ficou surpreso com a inclusao do seu nome entre os indiciados pela CPI do Narcotráfico. "Primeiro, eu quero saber quais os motivos que levaram a CPI a me indiciar, para depois poder fazer declaraçoes a respeito desse assunto", afirmou Tenório, que é delegado licenciado da Polícia Civil de Alagoas.




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