Menos de 24 horas depois de fechar com a oposição, o vereador Reinaldo Meira (PR) recuou e anunciou que vai votar em José Dourado (PSDB), nome do prefeito Lauro Michels (PV) na eleição à presidência da Câmara de Diadema. Meira estava na chapa oposicionista como segundo secretário. No lado situacionista, será primeiro secretário se o tucano for eleito no pleito de amanhã. Com a alteração, é o governo que tem 11 votos, suficientes para vencer a disputa – a oposição tem dez adesões.

A atitude revoltou petistas e o candidato a presidente da Casa Célio Boi (PSB). Nas redes sociais, o republicano foi chamado de traidor, com várias insinuações de que teria recebido vantagens financeiras para mudar de lado. Ele nega todas as acusações e garante que a mudança de posicionamento ocorreu depois de o presidente do PR em Diadema e secretário municipal de Transportes, José Carlos Gonçalves, ter colocado seu cargo à disposição do prefeito por não conter a rebeldia do correligionário.

Meira havia rompido com a candidatura governista por estar descontente com a supervalorização de Ricardo Yoshio (PRB). Para obter a votação do republicano, Lauro abriu espaço a indicações em segundo e terceiro escalões, além de nomear o empresário Jorge Bialli, aliado de Yoshio, como secretário de Desenvolvimento Econômico.

A chapa oposicionista, com nome de Reinaldo Meira, foi protocolada na tarde de anteontem. Desde então, força-tarefa foi montada pelo Paço para convencer o republicano a recuar. Somente na madrugada houve reunião com o alto comando da Prefeitura e Reinaldo Meira. Embora o vereador negue, foi pressionado a mudar de lado sob risco de ver exonerados funcionários indicados por ele na administração.

Na hora do almoço, a bancada do PT marcou encontro em tradicional churrascaria da cidade para sacramentar a vitória de Célio Boi. Reinaldo Meira não apareceu. Minutos depois, os vereadores petistas foram informados que o republicano havia renunciado à chapa de oposição e estava protocolado como primeiro secretário na candidatura de Dourado. O jogo havia virado a favor do governo.

“(As insinuações de ter vantagens para mudar de lado) São palhaçada, uma brincadeira de mau gosto. Eles (PT) estão acostumados com isso, com propina. Prova são os escândalos que estão estourando em Brasília”, justificou Reinaldo Meira. “Não acho que vai manchar minha imagem política. Meus eleitores, que são meus amigos, sabem da minha conduta. Voltei para onde não deveria de ter saído.”

Dourado tentou amenizar a situação. “Não é proibido articular. Confesso que não esperava, pois formamos esse bloco governista e esperava ter todos juntos. Fui pego de surpresa. Penso que não é o melhor caminho. No entanto, espero poder contar com todos para vencer o pleito.”