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'Golpe da vela' faz 200 vítimas no ABC
Por Do Diário do Grande ABC
22/12/2001 | 15:30
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Um número estimado de 200 vítimas e R$ 500 mil são os números parciais que envolvem modalidade de estelionato que tem sido aplicada desde outubro do ano passado no Grande ABC: o golpe da vela. A empresa Sadan Comércio de Velas e Parafinas, que tinha sede no Parque Selecta, em São Bernardo, vendeu máquinas e matéria-prima para fabricação do produto com o compromisso de comprar toda a produção. Há dois meses, no entanto, o estabelecimento fechou e o proprietário, identificado como Romualdo Veloso de Morais, sumiu sem pagar os clientes.

Um inquérito policial foi instaurado no 6º DP de São Bernardo para apurar o caso. Até agora, 13 pessoas já registraram queixa oficialmente, mas o delegado Élcio Alvares garante que o número total é próximo a duas centenas de vítimas. “Eles atacaram em várias cidades da região, e a maioria das vítimas ainda não se apresentou para prestar depoimento”, afirmou.

O grande atrativo do golpe, de acordo com o delgado, era a oportunidade oferecida às pessoas de iniciar um negócio lucrativo. A empresa vendia kits, com custo médio de R$ 1,5 mil, que continham a máquina e uma quantidade de parafina e barbante. O proprietário da empresa se comprometia a comprar a produção para revender no mercado. O pagamento era feito com notas promissórias.

Nos primeiros meses, a empresa saldou os compromissos com os clientes. À medida que o negócio cresceu, a Sadan passou a receber as velas e derretê-las, repassando a matéria-prima para outra vítima. O pagamento das promissórias começou a atrasar.

Há dois meses, a empresa fechou as portas e os proprietários sumiram. A Sadan, assim como as notas promissórias, estão todas registradas no nome de Márcia Regiane, que seria a mulher de Morais e atuaria como uma espécie de testa de ferro da empresa. Ambos estão sumidos, e a polícia ainda não tem pistas dos dois. “Já conversamos com uma advogada, que disse representar o interesse deles. Ela prometeu que eles se apresentariam, mas até agora nada”, disse Alvares.

Algumas das pessoas enganadas se revoltaram e arrombaram a empresa. Eles retiraram alguns maquinários para amenizar as dívidas. “Muitas vítimas fizeram empréstimo em bancos e outras até venderam carros para iniciar o negócio”, disse o delegado.

Vítimas – Esse foi o caso da dona de casa Lucivalda Meira da Silva, 43 anos. Ela disse que foi uma das primeiras vítimas a adquirir o kit para fabricação de velas, em outubro do ano passado, e calcula prejuízo de R$ 8 mil. “Para começar a fabricar velas, emprestei dinheiro dos meus parentes”, afirmou.

A desempregada Fátima Aparecida Camargo, 39, disse que trabalhava diariamente, das 8h às 22h, na produção de velas. Ela, que é divorciada e responsável pelo sustento da filha e dos pais, calculou em R$ 3 mil o prejuízo que teve com o golpe. “A punição para eles tem de ser muito rigorosa e servir de exemplo para outras pessoas. Afinal, tem gente que tira da boca dos próprios filhos para investir em um negócio”, disse.

Um grupo de pessoas lesadas está se organizando para tentar amenizar as conseqüências do golpe. A idéia é montar uma cooperativa para aproveitar o maquinário e a experiência adquirida no trabalho com as velas. “Já temos os meios de produção e aprendemos como fazer. Nosso único problema é arrumar alguém que compre nossa mercadoria”, afirmou o aposentado Lucas de Almeida, 53 anos, que também foi vítima do golpe da vela.




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