Repetindo os resultados de anos anteriores, a indústria da região reduziu o quadro de funcionários em dezembro. Só que desta vez foram eliminados das fábricas 2.800 postos nas sete cidades, decréscimo de 1,24%, maior recuo percentual desde 2008, quando a redução foi de 2,25%.

Parte deste resultado é reflexo do aumento na desconfiança do empresário em relação a 2014, ano de Copa do Mundo e eleição. Mas não há como descartar fatores macroeconômicos que também influenciaram a opinião da indústria, principalmente os juros, inflação e câmbio, todos em alta.

Esses aspectos pesaram no resultado acumulado de 2013. Não foi pior do que no ano anterior, quando a indústria diminuiu o quadro de funcionários em 10.450 postos, mas as empresas eliminaram 8.400 empregos nos 12 meses. A indústria de Santo André, principalmente, tendo em vista que foi responsável por 54% das demissões.

Os dados são da pesquisa de emprego na indústria, com abrangência estadual, desenvolvida pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e pelo Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo). A base de dados considera apenas as empresas associadas às entidades, formais e informais.

CONTEXTO - Para o professor de Economia da Universidade Metodista de São Paulo Sandro Maskio, as expectativas dos empresários em relação a 2014 e os aspectos macroeconômicos ditaram as regras do emprego na indústria. “Normalmente, quando os empresários não conseguem realizar ajuste nas suas contas, acabam demitindo, mas isso depois de repensar muito.”

“A expectativa para este ano não é tão boa quanto antes. Ao que tudo indica, a inflação será elevada, os juros bem maiores e, quanto ao crescimento, não há mágica para achar que o País vai crescer mais em 2014”, avaliou Maskio.

O diretor titular do Ciesp de São Bernardo, Hitoshi Hyodo, afirma que a expectativa é de cautela para 2014, e ratifica que 2013 foi aquém às previsões dos empresários, o que acabou refletindo nos postos de trabalho. “Sem contar que muitas empresas não têm dinheiro em caixa para demitir os funcionários”, acrescentou Hyodo, destacando que o resultado de 1.450 empregos a menos na indústria de São Bernardo não refletiu a realidade do setor, que tem sido impactado pela falta de competitividade com os produtos importados da Ásia, principalmente autopeças, que entram no País a preços muito baixos.

Percentualmente, São Bernardo teve redução de 1,69% no quadro de funcionários em 2013, menor resultado dentro do Grande ABC. Diadema, por sua vez, teve queda de 1,89%, com 1.050 trabalhadores a menos. São Caetano apresentou resultado negativo de 5,15%, com corte de 1.300 vagas. E Santo André, dona do segundo pior resultado percentual do Estado de São Paulo, com decréscimo de 7,11%, perdeu 4.600 funcionários na indústria.

SETORES - Em dezembro, na região, as maiores quedas no emprego foram registradas nos segmentos de produtos de madeira (-15,96%), produtos diversos (-5,94%) e móveis (-4,75%).

No acumulado de 2013, quem dominou a lista dos piores resultados foi o setor de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-10,12%), seguido pelas fábricas de produtos diversos (-7,39%) e de máquinas e equipamentos (-7,15%).