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Político até greve de fome fez no mandato
Por Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
23/02/2020 | 21:20
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Ferramenteiro e líder sindical, Gilson Menezes resistia em ser candidato do recém-fundado PT à Prefeitura de Diadema em 1982. Sabia que o grupo governista que se revezava no comando da administração viria forte e o petismo teria muita dificuldade em quebrar a hegemonia. Foi convencido e partiu para a eleição municipal.

Gilson contou com a mobilização da militância na cidade e com o racha histórico no grupo que orbitava em torno de Lauro Michels (PTB). Foram três candidatos com patrocínio do Paço – Marion Magali de Oliveira, Jorge Ferreira e Ricardo Putz. Ao todo, foram 11 os prefeituráveis. Gilson recebeu 23.310 votos, melhor desempenho do pleito. Mas à época vigorava regra que permitia a soma dos votos de candidatos do mesmo partido. As adesões em Magali, Jorge Ferreira Putz atingiram a marca de 21.943. Gilson tinha entrado para a história.

As dificuldades seriam imensas. Lauro Michels era acusado pela população de governar apenas para a classe média alta da cidade e ignorar os pobres. Isso em um município que crescia de forma desordenada e recebia migrantes de várias partes do País. Na posse, no Clube Okinawa, na região central, chuva torrencial caiu em Diadema. Gilson precisou descer do carro e seguir ao salão a pé ao lado de sua então mulher, Eliete. Os dois pisaram no barro. Mas foram recebidos pelo então prefeito.

O governo de Gilson foi misto de participação popular com crises junto ao PT. Ele implementou o OP (Orçamento Participativo) e pelo menos uma vez por semana realizava reunião com entidades de bairro. Montou secretariado com figuras que, no futuro, viriam dominar a política de Diadema, como José de Filippi Júnior (secretário de Obras) e José Augusto da Silva Ramos (Saúde).

Em 1987, Gilson enfrenta sua primeira briga no PT. Queria que Cláudio Rosa, braço direito, fosse o candidato à sucessão. O petismo optou por Zé Augusto. Gilson saiu do PT, foi para o PSB e bancou Rosa como prefeiturável. Zé Augusto venceu o pleito com quase o triplo dos votos de Rosa. Em 1992, o PT apostaria em Filippi como candidato ao Paço. Gilson estava pronto para voltar, mas sua candidatura foi impugnada depois que a Câmara manteve punições sugeridas pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado). Ele lançou Eliete Menezes em cima da hora e ela, por pouco, perdeu para Filippi – 50,3 mil votos a 47,3 mil.

A redenção aconteceu somente em 1996. Filippi queria que Joel Fonseca fosse o nome do PT nas urnas, mas Zé Augusto pretendia voltar à Prefeitura. Nova crise instalada no petismo e, dessa vez, Gilson não perdeu a oportunidade. Venceu Zé Augusto, com apoio velado de diversos petistas. Aquela briga fez com que Zé Augusto saísse do PT e estabelecesse, na cidade, uma trinca de políticos poderosos: Zé Augusto, Gilson e Filippi. Os três disputaram as eleições de 2000 e 2004. Filippi venceu ambas (a primeira, inclusive, impedindo a reeleição de Gilson).

Em 2008, Gilson aceita ser vice na chapa liderada por Mário Reali (PT), então deputado estadual e afilhado político de Filippi. A dupla venceu aquela eleição, batendo Zé Augusto no primeiro turno. Em 2012, porém, a parceria foi derrotada por Lauro Michels Sobrinho (PV), justamente o sobrinho neto do político que Gilson havia sucedido, 30 anos atrás.

Ao longo de 34 anos de vida pública eleitoral, Gilson colecionou fases polêmicas, como greves de fome – uma delas em protesto ao resultado da eleição de 2000, que ele considerou fraudulenta ao sequer ir ao segundo turno. Em 2011, escanteado no governo Reali, não teve dúvidas ao se classificar na gestão: “Estou me sentindo um jarro”.




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