A crise econômica de Mauá – evidenciada em decreto de calamidade financeira publicado em 6 de julho – traz prejuízos à Segurança Pública da cidade. Devido à falta de pagamento de contrato de locação de veículos com a Viação Santo Ignácio Ltda, ao menos sete carros de uso da GCM (Guarda Civil Municipal) foram recolhidos pela empresa. Com isso, o patrulhamento da cidade pela guarda conta, atualmente, com cinco viaturas, além de oito motos. O caos motivou o envio, por parte do secretário de Segurança Pública, Luiz Alfredo dos Santos Simão, de ofício com pedido de empréstimo de veículos à Prefeitura de São Bernardo.

Conforme dados obtidos no Portal da Transparência, a Prefeitura de Mauá deve R$ 372.884,04 à Viação Santo Ignácio Ltda. “Quando assumi a Pasta, no começo de agosto, os veículos já haviam sido retirados, então nem sei ao certo quantos compunham a frota”, informou o secretário de Segurança Pública ao Diário. O gestor afirmou ainda que o ex-responsável pela Secretaria – Paulo Barthasar – não tentou negociar a dívida com a empresa, causando o problema. Procurado, o ex-secretário afirmou que não iria comentar o tema.

“Semana passada enviamos um ofício para a GCM de São Bernardo pedindo empréstimo de alguma viatura e estamos aguardando retorno. Vamos levar ao menos 15 dias para resolver tudo isso”, declarou Simão. Devido ao feriado de aniversário de São Bernardo, ontem, a assessoria de imprensa da cidade não conseguiu confirmar o recebimento do documento.

A equipe do Diário circulou por Mauá na tarde de ontem e apenas uma viatura da GCM foi vista, nas proximidades da Prefeitura. Conforme o secretário de Segurança Pública, até o problema ser resolvido, a guarda só atenderá chamados pontuais e não serão realizadas rondas pela cidade.

Simão não soube precisar quantos veículos compunham a frota municipal, mas estima que haviam 12 automóveis. O gestor afirmou, entretanto, que solicitou providências à administração. “Estamos elaborando nova licitação para aluguel de 16 viaturas”, completou. Mauá conta com população estimada de 462 mil pessoas em área de 62,29 km².

Em nota, a assessoria de imprensa da Prefeitura informou que está em processo de contratação de novo fornecedor que, inclusive, deverá ampliar o efetivo. “Algumas unidades da Viação Santo Ignácio ainda estão à disposição da população, e a Secretaria de Segurança também possui algumas viaturas próprias, que continuam em atividade”, observou.

A Viação Santo Ignácio não retornou aos contatos até o fechamento desta edição.

Guardas falam em disputa política dentro da corporação

Guardas ouvidos pela equipe do Diário alegaram que disputa política motivou a redução da frota. Segundo uma fonte que prefere não se identificar, o ex-secretário Paulo Barthasar beneficiava um grupo dentro da corporação. “Pelo menos 80% não queriam um militar (Barthasar é tenente-coronel da PM) à frente da Pasta”, disse um dos GCMs.

Segundo os profissionais da guarda, as viaturas recolhidas foram enviadas para manutenção pelo grupo que apoia Barthasar. “Como existia a dívida, essas pessoas sabiam que os carros não seriam devolvidos. Foi uma forma de boicotar o novo secretário”, acusou.