Dois livros sobre a modernista Anita Malfatti (1889-1964) chegam às livrarias pela editora Terceiro Nome. Minha Tia Anita Malfatti (120 págs., R$ 45, em média), de Dóris Maria Malfatti, e Anita Malfatti - A Festa da Cor (184 págs., R$ 55, em média), de Ani Perri Camargo.

A primeira autora era sobrinha e uma das herdeiras da artista plástica. A segunda é uma jornalista que se interessou pela obra após conhecer Dóris e outras três sobrinhas de tia Babynha - como Anita era chamada na intimidade familiar.

As obras se completam. Uma é escancaradamente pessoal em seu depoimento. Outra demonstra o carinho adquirido ao contar a história da artista após dedicada pesquisa.

Estimulante é comparar as passagens da vida de Anita descritas pelo olhar de dentro e o olhar de fora. Caso da virulenta crítica de Monteiro Lobato à exposição de 1917, episódio que se tornaria conhecido após a luz do tempo revelar como a dureza da pena conservadora causaria estragos pessoais e emocionais na vida da artista recém-chegada de Nova York.

Dóris, falecida neste ano, também descreve com delicadeza a reclusão de Anita na chácara de Diadema. Foram 14 últimos anos de vida simples "sem trololós", um retorno ao natural e ao essencial.