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Asterix e Obelix nos Jogos Olímpicos
08/08/2008 | 07:03
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É um dos mistérios insondáveis: como as ótimas aventuras de Asterix e Obelix, escritas e desenhadas pela dupla Goscinny & Uderzo, podem parecer tão insossas quando adaptadas para o cinema? Se os dois filmes anteriores já mostravam esse limite da adaptação, este terceiro o confirma de maneira cabal.

E, no entanto, haveria elementos de sobra para fazer uma boa comédia. Obelix é, mais uma vez, vivido por Gérard Depardieu, ator de muitos recursos, inclusive para o humor. O ‘gancho', no sentido jornalístico, é bom, pois todo o interesse da opinião pública está voltado para a China e para os Jogos.

A produção deu aos diretores Frédéric Forestier e Thomas Langmann a presença de Alain Delon no papel de Júlio César e, de quebra, algumas valiosas participações especiais, a dos campeoníssimos e hoje aposentados Michael Schumacher e Zinedine Zidane. Também não faltam mulheres bonitas nem toneladas de efeitos especiais naquela que é, provavelmente, a mais cara produção da série.

Com tudo isso Asterix nos Jogos Olímpicos não dá liga. Dificilmente se ri durante a projeção, a não ser em momentos pontuais. Digamos, quando Alain Delon, na pele de César, evoca seu papel em Rocco e Seus Irmãos, a obra-prima de Luchino Visconti. Ou quando Zidane e Schumacher ilustram na antigüidade antecedentes para as modalidades que eles de fato exerceram, e como poucos, no presente. Por falar nisso, se o Zidane da ficção tivesse dado uma cabeçada em alguém, talvez houvesse mais graça em sua participação. Mas o filme é politicamente correto demais para chegar a esse ponto.

Além disso, o enredo revela os limites de ação impostos pela própria natureza da história. Um jovem gaulês, daquela famosa aldeia que jamais se rendeu, está apaixonada por uma princesa grega. Acontece que ela já foi prometida para Brutus, filho de César.

A solução é colocar a mão da noiva em disputa durante os Jogos, que se realizam a cada quatro anos na cidade de Olímpia. Os gauleses têm uma grande vantagem, como você sabe: a poção mágica, da qual Obelix não pode provar porque caiu num caldeirão cheio com a beberagem quando era criança etc.

O resto são os clichês da história, ciosamente transportados para o cinema para não decepcionar os fãs - a força descomunal, a fome de Obelix, o bom senso de Asterix, o druida, o veterano da aldeia casado com a mulher boa, o bardo chato etc. Tudo isso que funciona tão bem no papel da HQ e na tela grande se torna tão óbvio e repetitivo.




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