Durante um ano, um jornalista da rádio e televisao britânica, Donald MacIntyre, filmou secretamente os abusos que ocorrem na profissao, em particular nos corredores da famosa agência internacional Elite.

Já no começo desta década, nos Estados Unidos, o programa de TV ``60 Minutes' provocou celeuma, ao acusar vários diretores de agências.

O problema nao é recente. As modelos, às vezes até as chamadas ``top models', passam de vez em quando das páginas das revistas de moda para a seçao policial dos jornais.

Há apenas um ano, a inglesa Kate Moss, ``esgotada' depois de ter se ``excedido com as festas', teve que realizar um repouso forçado numa clínica britânica. Naomi Campbell foi também levada para um hospital das Ilhas Canárias, oficialmente por causa de ``uma reaçao alérgica a antibióticos'.

Estes dois casos ocuparam a primeira página da imprensa, por causa da celebridade de suas protagonistas. Mas para milhares de modelos que nao sao conhecidas, e que nunca serao, a história chega a ter cores sórdidas.

A presidente do sindicato francês de modelos, Servane Cherouat, afirma que ``a ampla divulgaçao das estrelas da profissao faz esquecer que uma modelo, seja qual for sua idade ou sucesso, nao é um objeto de consumo nem um vulgar acessório para mostrar a roupa'.

Sherouat denunciou a proliferaçao de empresas chamadas ``de casting' que recrutam por meio de anúncios classificados ou pela Internet.

Atraídas pelo dinheiro fácil, ingênuas e vulneráveis, as aprendizes de modelo sao abundantes. E a situaçao tem se agravado nos últimos dez anos, por causa da abertura das fronteiras do Leste da Europa.

Muitas jovens, com idades entre 15 e 16 anos e que nem sequer falam a língua do país onde chegam, estao totalmente desprotegidas e correm o risco de cair nas maos das agências inescrupulosas, depois de ter fracassado nas que têm mais prestígio.

A importante proporçao de modelos dos países da Europa do Leste nas coleçoes se explica pelo recrutamento intensivo praticado pelas agências. ``As agências de modelos da Rússia, controladas pela máfia, se enfrentam numa guerra sem quartel', afirmou recentemente a diretora de uma filial da agência Ford, na Romênia.

No começo deste ano, a diretora de uma conhecida agência de modelos da Letônia foi presa, tentando introduzir no país cerca de dois quilos de cocaína.