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Desocupação gera confusão no Jd.Regina

Moradores tentam impedir retirada; Prefeitura registra boletim de ocorrência no 6º DP

Bia Moço
Do Diário do Grande ABC
02/12/2020 | 00:01
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André Henriques/DGABC


A Prefeitura de São Bernardo realizou, na manhã de ontem, reintegração de posse no Jardim Regina, e retirou seis moradias de área caracterizada como de risco. A ação resultou em confusão, já que um morador ameaçou tirar a própria vida e, com a resistência de saída dos moradores, o Paço registrou boletim de ocorrência no 6º DP (Baeta Neves) para cumprimento da medida.

O local, porém, é alvo de investigações do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), braço investigativo do Ministério Público, por fraude na execução contratual de obras ligadas à contenção de encostas. 

Moradora inaugural da ocupação, iniciada há quatro anos, a diarista Valéria Oliveira da Silva, 34 anos, ressalta que já foram retiradas, no total, nove famílias. “Agora tem oito famílias morando aqui. Se a gente tivesse condições de pagar aluguel, com toda a certeza não estaríamos mais nesse lugar”, disse.

Segundo ela, a Prefeitura não apareceu ao longo destes quatro anos para reunião, seja para dizer o que seria feito no espaço ou propor plano de retirada das famílias. “Hoje (ontem), os funcionários da Prefeitura apareceram aqui derrubando tudo, inclusive com móveis, eletrodomésticos e pertences dentro”, explicou, afirmando que o barraco dela não foi atingido porque a população entrou na frente. “Eu estava trabalhando. Me ligaram contando o que estava acontecendo e tive de sair correndo.”

Um morador, identificado apenas como Lucas, afirmou ter tentado tirar sua vida “por desespero”, já que tem duas filhas, uma de 4 anos e outra de 4 meses, por não saber para onde ir com as meninas. “Não temos lugar para viver. Esse terreno foi desocupado há dez anos. Tiramos mais de 1,5 metro de lixo daqui”, lembrou.

Identificado somente como Joilton, 32, outro morador afirmou que o Paço “não dá opção nenhuma” de local para que possam se abrigar. “Além disso, chegaram (funcionários e GCM – Guarda Civil Municipal) usando força, e não queremos isso. Queremos que a Prefeitura resolva essa situação”, pontuou o autônomo.

Questionada, a Prefeitura informou que a área é classificada como risco alto pela Defesa Civil, e que integra frente de obras do PAC Risco II, que prevê intervenções de contenção de encostas e de prevenção a deslizamentos com recursos do governo federal. Em nota, a administração afirma que o local é alvo de reinvasões recentes, e que as ocupações anteriores tinham sido retiradas pela Prefeitura, pontuando que a GCM “em momento algum agiu com truculência”. 




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